Ministro do Interior francês elogia campo para migrantes na Grécia, mas ONGs criticam
O ministro do Interior francês, Gerald Darmanin, defendeu "o modelo grego" de controle de fronteiras e espera que outros países do sul da Europa possam estabelecer estruturas de registro seguro de migrantes, como o campo recentemente inaugurado na ilha de Samos. ONGs criticam o novo modelo.
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“Queremos que o modelo grego seja aplicado em outros países mediterrâneos, como Itália, Espanha, Malta”, portas de entrada para migrantes e refugiados na Europa, disse Gérald Darmanin durante uma entrevista à AFP na segunda-feira (11).
No domingo, o ministro francês foi à ilha grega de Samos, no mar Egeu, em frente à Turquia, onde as autoridades gregas inauguraram no final de setembro um campo de "acesso fechado e controlado", cercado por arame farpado e torres de vigia.
Os requerentes a asilo só podem sair das 8h às 20h e são obrigados a apresentar impressões digitais e um crachá eletrônico no portão magnético da entrada.
A nova instalação substituiu o antigo acampamento superlotado e de condições sanitárias precárias, localizado próximo ao porto de Vathy. A Grécia prometeu construir outros campos "fechados" como o de Samos, com fundos europeus, em quatro outras ilhas do mar Egeu.
"Pedimos aos países do sul da União Europeia que façam como os gregos, com maior controle das fronteiras externas", disse o ministro francês.
ONGs criticam modelo grego
Para muitas ONGs de direitos humanos, incluindo a Anistia Internacional, o novo campo "impede a identificação eficaz de pessoas vulneráveis" e "limita o acesso a serviços pelos requerentes a asilo".
“Na opinião das pessoas que trabalharam no antigo campo de Vathy, mas também dos requerentes a asilo, as condições de vida são melhores”, assegurou, no entanto, o ministro francês.
"O campo foi projetado como um centro de espera e permite que os gregos controlem bem suas fronteiras", acrescentou.
Em comparação com 2015, quando alguns jihadistas se infiltraram no fluxo de refugiados que chegaram à Grécia e participaram dos ataques de 13 de novembro em Paris, a segurança foi reforçada nas ilhas gregas.
"Ainda há temores de ataques terroristas, mas hoje na França a ameaça é essencialmente interior", disse Gérald Darmanin.
A França, que exercerá a presidência semestral da União Europeia a partir de janeiro, pretende priorizar o fortalecimento das fronteiras externas da Europa.
“Gostaríamos que todos os países que fazem fronteira com a Europa pudessem ter a mesma política de controle e registro das pessoas que entram no território europeu”, acrescentou o ministro francês.
Preocupação com as novas chegadas
“Muitos estrangeiros entram na Europa sem serem registrados e não sabemos quando chegaram à Alemanha ou à França, quantos anos têm, qual é a nacionalidade, por onde passaram”, observa.
Atenas dá as boas-vindas ao descongestionamento dos campos nas Ilhas do Egeu, mas as ONGs explicam esse declínio pela devolução de migrantes para a Turquia, o que a Grécia nega.
“Confiamos nos gregos para dar a transparência necessária sobre o que aconteceu. Devemos aos gregos muita solidariedade, mas também devemos exigir deles responsabilidade, como a todos os países que fazem fronteira com a Europa”, respondeu Gérald Darmanin.
Ele defendeu uma política comum europeia de migração. “Vejam o que se passa no Afeganistão ou na Bielorrússia, não sabemos o que vai acontecer amanhã”, alertou o ministro, dizendo “esperar um aumento de recursos humanos e financeiros para agência Frontex”, responsável pelas fronteiras externas da União Europeia.
(com informações da AFP)
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