Ecologistas se manifestam em Londres em solidariedade a indígenas do Brasil
Aos gritos de "Fora Bolsonaro!", Centenas de pessoas se manifestaram nesta quarta-feira (25) em frente à embaixada do Brasil em Londres, depois da convocação de várias ONGs incluindo o movimento ambientalista Extinction Rebellion, em solidariedade aos milhares de indígenas brasileiros mobilizados contra as políticas do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro.
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"Parem o genocídio no Brasil agora!", "Luta pela vida" e "Não à armadilha do marco temporal", afirmavam os cartazes, em referência à nova legislação brasileira que pretende adotar o critério temporário para a demarcação das terras indígenas, reconhecendo como terras ancestrais apenas aquelas que foram ocupadas por eles quando a Constituição de 1988 foi promulgada.
O Supremo Tribunal Federal começa a se reunir nesta quarta-feira para decidir se esse "marco temporal" se aplica a uma reserva do estado de Santa Catarina (Sul), decisão que afetará dezenas de áreas em litígio durante anos.
“Estamos aqui em solidariedade com o movimento indígena no Brasil”, disse Sarah Shenker, 35, ativista do grupo Survival International. “O marco temporal é uma proposta de genocídio empurrada pelo governo e pela indústria agroalimentar para tirar os indígenas de suas terras”, denunciou. Estes últimos “são os melhores guardiões da natureza, protegem 80% da biodiversidade mundial e não sobreviverão sem as suas terras”, acrescentou.
Para Graham Gordon, 47, membro do grupo católico CAFOD, “é também um problema climático. A Amazônia está sendo destruída para produzir alimentos que consumimos no Ocidente”.
O grupo ambientalista Extinction Rebellion (XR) deu início a duas semanas de protestos e ações em Londres para pedir aos governos que ajam "com urgência" sobre as mudanças climáticas. Esta rede de ativistas, formada no Reino Unido em 2018, usa regularmente a desobediência civil para destacar a inação do governo nas mudanças climáticas.
Julgamento há muito aguardado no Brasil
Em meio às manifestações de milhares de indígenas no coração de Brasília, o Supremo Tribunal Federal deve proferir, a partir desta quarta-feira, um julgamento crucial sobre seus direitos às terras ancestrais.
Cerca de 6.000 índios de cem tribos diferentes, usando cocares de plumas e empunhando arcos e flechas, ocupam a imensa esplanada, sob a vigilância da tropa de choque, para pressionar os juízes da mais alta jurisdição brasileira.
No centro de Brasília, milhares de indígenas montaram acampamentos, cantaram e dançaram, por enquanto sem confronto com a polícia, em uma mobilização coordenada pela Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Para a Apib, esta é a mais importante manifestação indígena já organizada no Brasil.
Eles realizaram uma vigília à luz de velas na terça-feira à noite perto do palácio presidencial, do Supremo Tribunal Federal e do Parlamento. Eles deveriam caminhar ao meio-dia de quarta-feira até a sede do STF, quando os juízes determinarão o futuro de suas terras.
Muitas tribos foram deslocadas ao longo da história brasileira, especialmente sob o regime militar (1964-85). De volta às suas terras, eles agora exigem a proteção do status concedido às reservas, que se opõe ao poderoso lobby brasileiro do agronegócio.
O presidente Bolsonaro já havia alertado que o "caos" surgiria se o "marco temporal", também favorável ao desmatamento e à mineração ilegal, não fosse acatado pelo Supremo Tribunal Federal.
“Todo o Brasil é território indígena”, disse Tai Kariri, 28, chefe da tribo Kariri, no nordeste da Paraíba, “sempre vivemos lá”. Manifestantes também protestam contra o que acreditam ser violações sistemáticas de seus direitos desde que o presidente Bolsonaro assumiu o cargo em janeiro de 2019.
(Com informações da AFP)
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