Humorista francês poderá desembolsar R$ 200 mil por comentários negacionistas
Uma multa de € 33 mil, cerca de R$ 200 mil, foi solicitada contra o polêmico humorista francês Dieudonné, que compareceu ao tribunal policial de Genebra nesta segunda-feira (5) por comentários negacionistas que teria feito durante shows na Suíça em 2019.
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Dieudonné M'Bala M'Bala, 55, está sendo processado pelos tribunais de Genebra por "discriminação racial" por comentários que ele supostamente fez sobre "as câmaras de gás [nazistas]" entre 4 e 6 de janeiro de 2019, no teatro Marens, em Nyon, e em 28 e 29 de junho de 2019, no Centro de Animação Cinematográfica Voltaire, em Genebra.
Ele também está sendo processado por "insultar" a Coordenação Intercomunitária da Suíça contra o Antissemitismo e a Difamação (Cicad), por comentários feitos sobre esta associação sem fins lucrativos durante esse show na cidade suíça.
Dieudonné também é acusado de "difamação" por comentários feitos em 22 de novembro de 2019 em relação ao secretário-geral do Cicad, Johanne Gurfinkiel, durante entrevista concedida a um canal do YouTube em Genebra.
No final da audiência, na qual Dieudonné respondeu a perguntas do tribunal, o procurador Stéphane Grodecki, pediu a sentença de "180 dias de multa, a 200 francos suíços por dia, sem suspensão", que totaliza 36.000 francos suíços. Ele também exigiu que o humorista fosse condenado a pagar as custas do julgamento.
O promotor acusou-o de ter "minimizado o Holocausto ao negar a existência das câmaras de gás nazistas" e de ter, portanto, violado o artigo 261 bis, sobre "Discriminação e incitamento ao ódio", do Código Penal, argumentando que a "interferência na liberdade de expressão" não é proibida sob certas condições, incluindo o interesse público.
“Este julgamento é sobre antissemitismo, não sobre liberdade de expressão”, disse Philippe Grumbach, advogado do Cicad. Ao que Me Pascal Junod, defensor de Dieudonné respondeu: "Estamos punindo o riso, estamos punindo o humor".
"Surpreso"
Dieudonné chegou ao julgamento pela manhã sorrindo e aparentemente relaxado, usando óculos escuros, tênis e uma longa túnica azul estampada com um distintivo verde que reproduz a forma do continente africano.
Questionado sobre essas afirmações negacionistas pelo presidente do tribunal, ele explicou que “absolutamente não nega a existência das câmaras de gás, que certamente foram desprezadas pelo horror desta guerra”.
Ele ressaltou que é um dos personagens do show que profere a frase a que se refere a acusação, e que a frase negacionista foi escrita pelo coautor do programa.
Ele também disse que ficou "realmente surpreso" ao ser convocado pelo tribunal de Genebra, brincando sobre o fato de que esta é a primeira vez que um de seus personagens é julgado.
Dieudonné foi condenado na França em várias ocasiões por insultos raciais ou incitação ao ódio. Na sexta-feira (2), ele foi condenado em três processos distintos a quatro meses de prisão e duas multas de € 10.000 e 5.000, considerado culpado de "insulto público" e "incitação ao ódio".
O humorista também condenado através de recurso, no final de maio, a três anos de prisão, dois dos quais em regime fechado, e a uma multa de € 200 mil, por ter desviado mais de € 1 milhão em receitas não contabilizadas com seus espetáculos.
Questionado sobre essas muitas condenações, ele lançou nesta segunda-feira a jornalistas em Genebra: "Mandela foi condenado e foi presidente. Talvez eu me torne presidente".
(Com AFP)
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