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Arcebispo alemão reconhece “fracasso" da igreja contra abusos sexuais e pede demissão

O arcebispo de Munique e ex-presidente da Conferência Episcopal Alemã, Reinhard Marx, pediu ao papa Francisco que fosse dispensado de suas funções, reconhecendo um "fracasso" da Igreja Católica na "catástrofe dos abusos sexuais" dentro da instituição. De tendência liberal, Marx é um dos nomes mais influentes do catolicismo romano.

O arcebispo de Munique e ex-presidente da Conferência Episcopal Alemã, Reinhard Marx, é um dos nomes mais influentes da ala liberal da igreja católica.
O arcebispo de Munique e ex-presidente da Conferência Episcopal Alemã, Reinhard Marx, é um dos nomes mais influentes da ala liberal da igreja católica. AP - Federico Gambarini
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A demissão do arcebispo, que ainda não foi aceita pelo Vaticano, ocorre em um contexto de indignação crescente dos fiéis alemães em relação aos diversos escândalos de abusos cometidos por sacerdotes. Na semana passada, o papa enviou ao país dois bispos estrangeiros, encarregados de investigar a gestão de casos de abuso ocorridos na arquidiocese de Colônia, a maior da Alemanha, abalada por uma grave crise há vários meses.

"Para mim, é essencialmente uma questão de compartilhar a responsabilidade pela catástrofe dos abusos sexuais cometidos por membros da Igreja nas últimas décadas", escreveu Marx ao papa. No comunicado, ele também denunciou um "fracasso institucional ou sistêmico" neste vasto escândalo.

Na carta dirigida ao papa em 21 de maio e citada no comunicado desta sexta-feira (4), o prelado considera que a Igreja Católica está "em ponto morto". As discussões recentes mostraram "que alguns dentro da Igreja não querem aceitar esta responsabilidade e, portanto, a cumplicidade da Instituição e, assim, se opõem a qualquer diálogo de reforma e renovação em conexão com a crise dos abusos sexuais", diz a carta.

No mês passado, o arcebispo de Munique e de Freisig recusou a maior distinção da Alemanha, a Cruz Federal do Mérito, que o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, queria conceder-lhe.

Relatórios causam polêmica em Colônia

Para a missão de investigação em Colônia, o papa nomeou dois "visitantes apostólicos", enviados extraordinários da Igreja, encarregados de "avaliar a complexa situação pastoral da arquidiocese e, ao mesmo tempo, estudar o possível cometimento de faltas" do cardeal Rainer-Maria Woelki e de outros prelados da diocese. O cardeal Woelki é acusado de ter acobertado, por muito tempo, dois padres da comunidade religiosa de Düsseldorf, suspeitos de violência sexual.

Conhecido por ser um religioso muito conservador, o monsenhor Woelki se recusou, no ano passado, a publicar um relatório sobre abuso sexual em sua diocese, que ele mesmo havia encomendado. Alegou que dados e informações nele contidos deveriam ser protegidos.

A decisão irritou as vítimas, fez muitos fiéis abandonarem a diocese e gerou mal-estar dentro do clero. O cardeal encomendou um segundo relatório, publicado em março. Segundo este novo documento, 314 menores, a maioria meninos com menos de 14 anos, sofreram violência sexual entre 1975 e 2018 na diocese. Os abusos foram cometidos, principalmente, por membros do clero.

Suspeitos de terem acobertado os crimes e de terem tratado os casos com negligência, quando chegaram às suas mãos, alguns religiosos foram suspensos de suas funções. Neste relatório, não há acusações contra o monsenhor – mas isso não tem amenizado as críticas contra ele.

Com informações da AFP e Reuters

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