Áustria foi alertada em julho de que terrorista tentou comprar munição de AK-47
A Áustria reconheceu nesta quarta-feira (4) uma série de erros na prevenção do ataque em Viena, que terminou com a morte de quatro pessoas. O país tinha sido alertado pela Eslováquia em julho de que Kujtim Fejzulai, de 20 anos, tinha tentado comprar munição para a metralhadora AK-47 em uma loja de Bratislava, a menos de uma hora de carro de Viena.
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Fejzulai tinha acabado de sair do período probatório, após ser condenado a 22 meses de prisão por tentar viajar para a Síria para ingressar no grupo Estado Islâmico. O jovem, no entanto, foi solto antecipadamente em liberdade condicional.
Na segunda-feira (2), o extremista originário da Macedônia do Norte abriu fogo com uma metralhadora contra pedestres em Viena e matou quatro pessoas.
O alerta da Eslováquia sobre a tentativa de compra de munição consta em um relatório de 23 de julho, divulgado por Herbert Kichl, número 2 do partido da extrema direita austríaca e antigo ministro do Interior do país. Em entrevista coletiva, o atual ministro do Interior, Karl Nehammer, confirmou a informação.
O primeiro-ministro austríaco, Sebastian Kurz, reconheceu nesta quarta que a soltura foi, "sem dúvida, um erro". "Se ele não tivesse sido libertado, o ataque não teria ocorrido", disse o líder conservador em declaração à rádio pública.
Sequência de erros
Fejzulai era conhecido das forças de segurança do país desde 2016, quando aos 16 anos frequentava uma mesquita radical em Viena, conta o jornal francês Le Monde.
O autor do atentado participou de um programa de desradicalização após sua prisão, e conseguiu driblar todo o controle em seu entorno. "Ninguém pensava que ele fosse capaz de cometer um ataque desse tipo", disse o advogado Nikolaus Rast, que o defendeu durante o julgamento em abril de 2019 e que o descreveu como um menino "introvertido" e "uma alma perdida procurando seu lugar" na sociedade.
Nehammer afirmou que foram encontradas fotos de Fejzulai compartilhadas recentemente no Facebook nas quais ele posava com uma Kalashnikov e um facão e carregava o slogan do Estado Islâmico. Esses indícios, no entanto, não foram vistos pelas forças de segurança responsáveis pela prevenção de ataques.
Os erros causaram consternação no país da Europa Central. O Ministro do Interior austríaco culpou seu antecessor, um líder do FPÖ de extrema-direita, por causar "danos consideráveis" aos serviços de inteligência. O governo do FPO deixou o poder em 2019.
Possíveis cúmplices ainda são procurados
Dois dias depois do atentado, a polícia, que já prendeu 14 pessoas, ainda investiga a trajetória e os possíveis cúmplices do jihadista Kujtim Fejzulai, morto na segunda-feira.
Duas outras pessoas foram presas na terça-feira na Suíça, onde Fejzulai tinha laços familiares. Esses dois suíços, de 18 e 24 anos, estavam sendo investigados por questões relacionadas ao terrorismo.
O atentado de Viena, reivindicado pelo EI, ocorreu em um contexto de grande tensão e vigilância na Europa devido à ameaça jihadista, após dois atentados na França, um em Nice e outro com a decapitação de um professor, Samuel Paty.
Kurz pediu que a União Europeia tome medidas contra o terrorismo, e garantiu que o governo austríaco está analisando "iniciativas conjuntas" com o presidente francês, Emmanuel Macron. Macron vai viajar para Viena na próxima segunda-feira.
(Com informações da AFP)
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