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Linha Direta

UE faz cúpula de emergência sobre Belarus enquanto aumenta pressão sobre Lukashenko

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A União Europeia realiza nesta quarta-feira (19) uma cúpula extraordinária por videoconferência sobre a crise de Belarus, enquanto cresce a pressão sobre o presidente Alexander Lukashenko em meio aos protestos contra os resultados das eleições presidenciais. A líder da oposição bielorrussa, Svatlana Tsikhanouskaya, refugiada na Lituânia, apelou por meio de uma mensagem em vídeo para que a UE não reconheça o que chamou de eleição presidencial fraudulenta.

Já se passaram dez dias desde que a população bielorrussa começou a ir às ruas contra o resultado da votação em que Lukashenko foi declarado vitorioso.
Já se passaram dez dias desde que a população bielorrussa começou a ir às ruas contra o resultado da votação em que Lukashenko foi declarado vitorioso. AP - Dmitri Lovetsky
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Márcio Damasceno, correspondente da RFI em Berlim

Na sexta-feira (14), os ministros da UE concordaram por unanimidade em iniciar o processo de sanções contra bielorrussos envolvidos em abusos dos direitos humanos e fraude eleitoral. Essas sanções provavelmente serão objeto de discussão na reunião desta quarta-feira, feita por videoconferência.

A Alemanha, que ocupa atualmente a presidência rotativa da UE, não descartou o anúncio de duras punições devido à violenta repressão contra os protestos populares. Mais um manifestante morreu no hospital nesta quarta-feira em decorrência de um ferimento à bala. Agora são três os mortos desde o início dos protestos contra o resultado da eleição presidencial, além de 6.700 mil prisões.

Já se passaram dez dias desde que a população bielorrussa começou a ir às ruas contra o resultado da votação em que o presidente Alexander Lukashenko foi declarado vitorioso. Os manifestantes acusam o pleito de ter sido fraudado. A pressão contra o governo cresce a cada dia em Belarus, com protestos diários e greves em fábricas estatais.

Postura firme

Na União Europeia, Letônia, Lituânia, Estônia e Polônia têm mantido postura firme, pedindo mais sanções contra o governo de Lukashenko. Na véspera da reunião da UE os líderes do bloco conversaram sobre o assunto com o presidente russo Vladimir Putin.

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Emmanuel Macron, telefonaram para Putin. De acordo com Berlim, Merkel disse ao presidente russo que as autoridades de Minsk devem "entrar num diálogo nacional com a oposição e a sociedade, para tentar superar a crise".

Já o presidente francês pediu que Putin promova "calma e diálogo" na questão. A Rússia é tida como importante aliada de Belarus, com estreitos laços militares e econômicos com o país vizinho.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, informou que também conversou com o chefe do Kremlin, afirmando em sua conta no Twitter que só o "diálogo pacífico" pode resolver a crise.

Intervenção inaceitável

Em comunicado, Putin mandou um alerta aos europeus em que afirma considerar "inaceitável" qualquer forma de intervenção na política interna de Belarus e pressão sobre as autoridades do país. A agência de notícias estatal bielorrussa Belta informou que Putin e Lukashenko também conversaram por telefone sobre as discussões do presidente russo com líderes europeus.

Lukashenko, por sua vez, condenou a formação pela oposição de um "conselho de transição", o que o governante classificou como uma tentativa de tomada do poder. Ele também anunciou reforço militar na fronteira ocidental do país, com a Polônia.

Os telefonemas dos líderes europeus na véspera da cúpula de emergência da UE deixam claro o peso de Putin nesse conflito e também a situação delicada da União Europeia, que tentará de aumentar a pressão sobre Lukashenko sem necessariamente correr o risco de provocar uma reação de Moscou.

A Alemanha quer o fim da repressão, a libertação dos ativistas presos e uma saída democrática em Belarus, mas ao mesmo tempo não tem interesse em bater de frente com Moscou, com quem tem parcerias importantes, como o gasoduto Nord Stream 2, para importação de gás através do Mar Báltico.

Por outro lado, embora o Kremlin já tenha prometido apoio a Lukashenko e condene as sanções da UE, analistas acham pouco provável que Putin esteja disposto a bancar uma intervenção em Belarus no momento em que o russo enfrenta queda de popularidade em seu país.

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