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Turquia/Grécia

Refugiados andam quase 300 km para tentar atravessar fronteira da Turquia com a Grécia

Em Edirne, no norte da Turquia, milhares de pessoas esperam por uma suposta abertura do posto de fronteira que faz divisa com a Grécia. O local se transformou em um acampamento improvisado, onde os refugiados aguardam uma liberação da passagem, desde que as autoridades turcas anunciaram que deixariam os migrantes entrar na Europa.

Imigrantes no posto fronteiriço de Pazarkule, na fronteira da Turquia com Kastanies, perto de Edirne, Turquia, 5 de março de 2020.
Imigrantes no posto fronteiriço de Pazarkule, na fronteira da Turquia com Kastanies, perto de Edirne, Turquia, 5 de março de 2020. REUTERS/Huseyin Aldemir
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Cerise Sudry-Le Dû, enviada especial da RFI à Edirne, fronteira da Grécia com a Turquia

De acordo com a enviada especial da RFI a Edirne, Cerise Sudry-Le Dû, o campo abriga milhares de pessoas e muitas famílias com crianças. Há lixo e detritos espalhados por todos os lados e barracas feitas de toldos de plástico achado no chão ou comprados a peso de ouro nas redondezas. Sírios, iranianos, afegãos e iraquianos aguardam desesperadamente a abertura da fronteira.

No fim de semana, o presidente turco, Recep Tayyp Erdogan anunciou que abriria as fronteiras do país para a Europa. Ele alega que os europeus não cumpriram sua parte do acordo fechado em 2016, que prevê a contenção do fluxo migratório em troca de ajuda financeira. A decisão, entretanto, visa pressionar a União Europeia a apoiar os turcos no conflito na Síria contra a Rússia, que apoia o regime de Bashar al-Assad.

Nadine, originária de Homs, na Síria, veio para Erdine logo após ouvir o discurso de Erdogan. Ela andou 285 quilômetros a pé. “Você vive na floresta, não tem nada para comer, nada para beber. Quero ir para a Europa e deixar essa triste história para trás”, disse. Ela conta não ter coragem de atravessar a fronteira ilegalmente, porque representaria um grande risco.

“Hello my friend, how are you?”

Não é o caso de Abdullahay, um outro migrante, que tentou, sem sucesso, atravessar a fronteira duas vezes desde a última sexta-feira (29). Nas duas ocasiões ele foi impedido pelos soldados gregos, depois de ser revistado e enviado de volta para a Turquia. “Se você chega tranquilamente e diz: ‘oi meu amigo, tudo bem? Eu adoro os gregos’, geralmente não há problema”, diz.

Apesar das condições de vida deploráveis, conta a correspondente da RFI, a falta de água potável e de higiene, que é totalmente inexistente, a maioria dos migrantes têm esperança que a fronteira acabará sendo aberta. Enquanto isso, a violência não para de aumentar nos acampamentos. Os confrontos, desde quarta-feira (4), deixaram pelo menos um morto e vários migrantes feridos. A imprensa não tem acesso ao local.

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