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Linha Direta

Julgamento para extradição de Julian Assange começa com futuro incerto

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Depois de quase oito anos, o mundo está mais próximo de conhecer o destino do australiano Julian Assange. O caso do fundador do WikiLeaks, responsável pelo vazamento de milhares de correspondências secretas do Departamento de Estado americano, começa a ser julgado pela corte britânica a partir desta segunda-feira (24) em Londres.

Protesto contra a extradição de Julian Assange em frente à sede do Alto Comissariado Australiano em Londres, Grã-Bretanha, a 22 de Fevereiro de 2020.
Protesto contra a extradição de Julian Assange em frente à sede do Alto Comissariado Australiano em Londres, Grã-Bretanha, a 22 de Fevereiro de 2020. REUTERS/Peter Nicholls
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Da correspondente da RFI em Londres

Ainda é cedo para saber ao certo o que acontecerá com o fundador do WikiLeaks. A audiência de extradição começa nesta segunda-feira, no tribunal de Woolwich, na capital britânica. Nessa primeira semana serão apresentados os argumentos legais das partes. Depois, a sessão será interrompida e retomada em 18 de maio.

Assange, 48 anos, está preso na Inglaterra. Os Estados Unidos pedem a extradição para que ele seja julgado em solo americano, onde é acusado de espionagem e vazamento, em 2010, de documentos secretos do Departamento de Estado e dos serviços de inteligência sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão. São 18 acusações. Se condenado, Assange pode pegar uma pena de até 175 anos de prisão.

Até que isso aconteça, há ainda muitas etapas pela frente. Só a decisão de extraditá-lo, ou não, ainda leva pelo menos três meses. Nesse meio tempo, os advogados de Assange já tentaram um pedido de asilo na França, que eles alegam ser “o país dos direitos humanos".

Manifestação de apoio: "jornalismo não é crime"

No sábado (22), em Londres, centenas de pessoas se reuniram em uma grande manifestação de apoio a ele. O pai de Assange, John Shipton, defendeu o filho com um longo discurso na praça do Parlamento. Entre os manifestantes, que pregavam que “jornalismo não é crime”, havia celebridades como a estilista britânica Vivienne Westwood, o ex-vocalista do grupo Pink Floyd Roger Waters e o ex-ministro de Finanças da Grécia Yanis Varoufakis. Eles alegam que a extradição tem motivações políticas.

A equipe de defesa de Assange nega as acusações de espionagem e tenta  apresentar a matéria como uma caso de liberdade de imprensa e direito de informar. A Anistia Internacional pediu aos Estados Unidos que suspendam as acusações de espionagem, e ao Reino Unido, que não extradite Assange. A entidade alega que se pode estar cometendo uma grave violação dos direitos humanos.

O período em que o fundador do WikiLeaks passou no Reino Unido custou caro aos cofres públicos do país. Durante os quase sete anos que permaneceu dentro da Embaixada do Equador, no centro de Londres, havia um carro da polícia de plantão, 24 horas, vigiando a entrada da chancelaria. Há uma estimativa de que, entre junho de 2012 – quando chegou à embaixada disfarçado de motoboy para pedir asilo – até outubro de 2015, foram gastos nada menos que 13 milhões de libras com o monitoramento do australiano, o equivalente a cerca de R$ 74 milhões. Ele ficou instalado na embaixada até abril do ano passado. Ou seja, o custo terá sido ainda maior. Foram quase sete anos, antes de ser levado para a prisão de segurança máxima, onde espera, há quase um ano, o desfecho desta epopeia. Assange buscou refúgio na chancelaria equatoriana para evitar a extradição para a Suécia, onde era acusado de abuso sexual. Em novembro do ano passado, essas acusações foram retiradas.

Saúde fragilizada

Além da questão jurídica, Assange enfrenta ainda problemas de saúde. No final de novembro do ano passado, uma carta aberta assinada por 60 médicos foi encaminhada à ministra do Interior britânica, Priti Patel. No documento, eles afirmam que Assange pode morrer na prisão. Os signatários dizem ter sérias preocupações não só com a saúde física, mas mental do fundador do WikiLeaks. Seus advogados querem transferi-lo para um hospital universitário na Inglaterra, para que possa ser diagnosticado e tratado.

Protesto contra a extradição de Julian Assange diante do Alto Comissariado Australiano em Londres, no sábado (22).
Protesto contra a extradição de Julian Assange diante do Alto Comissariado Australiano em Londres, no sábado (22). REUTERS/Peter Nicholls

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