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Brexit

Johnson defende livre-comércio, mas promete que não haverá concorrência desleal com UE

Em seu primeiro discurso após o Reino Unido ter iniciado oficialmente o processo de divórcio com a União Europeia, o premiê britânico Boris Johnson defendeu o livre-comércio e criticou os “protecionistas”, mas prometeu que seu país não fará concorrência desleal com a União Europeia. Apesar das declarações de boas intenções, as primeiras divergências já surgem em Bruxelas sobre as relações comerciais do bloco com seu ex-membro.

Boris Johnson durante seu primeiro discurso oficial após o início do Brexit.
Boris Johnson durante seu primeiro discurso oficial após o início do Brexit. Frank Augstein/Pool via REUTERS
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Com informações da AFP e do correspondente da RFI em Bruxelas, Pierre Benazet

Durante todo seu discurso, Johnson evitou usar a palavra “Brexit”, mesmo se o clima de divórcio já estava bem presente. "Não vejo a necessidade de nos obrigarmos a um acordo com a UE. Restauraremos nossa plena soberania sobre nossas fronteiras, a imigração, a concorrência, as normas que regem os subsídios, abastecimentos, a proteção de dados", declarou o premiê ao apresentar sua visão sobre a futura relação entre seu país e o bloco.

"Não faremos nenhuma concorrência desleal, nem comercial, nem econômica e ambiental", declarou o chefe de governo, numa tentativa de tranquilizar os parceiros europeus. Johnson considerou ainda que a cooperação com os parceiros do bloco nas áreas de defesa e política externa não precisa "necessariamente de um tratado".

Mas três dias após o divórcio, as divergências já aparecem. A UE deseja evitar o surgimento de uma economia desregulada a suas portas, com vantagens competitivas injustas, e propõe a criação de um "mecanismo" para manter os "altos níveis" das normas europeias nas áreas trabalhista, fiscal, ambiental, além dos subsídios estatais.

Setor pesqueiro depende das águas britânicas

"Estamos dispostos a oferecer um acordo comercial muito ambicioso como pilar central desta associação, que inclui tarifas zero", afirmou Michel Barnier, em Bruxelas. Mas o negociador europeu reiterou a necessidade de acesso dos barcos pesqueiros às águas britânicas. “Temos que nos preparar para todas as opções, inclusive a hipótese de que não haverá acordo, principalmente nas áreas do comércio e da pesca”

Esse, aliás, é um dos pontos sensíveis nas negociações. O setor pesqueiro de oito países da UE é, de fato, muito dependente das águas britânicas.

Johnson já destacou que "retomar o controle" das águas é prioritário. A pesca pode constituir, de fato, uma moeda de troca nas negociações para o Reino Unido, que poderia buscar, como forma de compensação, o acesso ao continente para os serviços financeiros britânicos, cruciais para a City de Londres.

Diante de uma negociação que já se anuncia tensa, o prazo previsto para concluir as conversações não ajuda. As duas partes querem um acordo até o fim do ano, o que, na prática, significa oito meses para discussões que costumam demorar anos.

Neste caso, porém, as negociações não começam do zero. De modo paralelo ao acordo de divórcio, Reino Unido e UE assinaram uma declaração política sobre a futura relação que estabelece o nível de ambição, mas que já se tornou objeto de divergência entre os dois lados.

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