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Para Turquia, Macron "passou dos limites" ao criticar sua política migratória

Ancara denunciou nesta terça-feira (1°) o que considerou uma ingerência da parte de Emmanuel Macron. O presidente francês criticou a política migratória e afirmou que observa um recuo do Estado de direito na Turquia.

O presidente francês, Emmanuel Macron, criticou a Turquia nesta terça-feira (1°), durante seu discurso no Conselho da Europa, em Estrasburgo.
O presidente francês, Emmanuel Macron, criticou a Turquia nesta terça-feira (1°), durante seu discurso no Conselho da Europa, em Estrasburgo. REUTERS/Vincent Kessler
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"Eu comparo Macron a um galo que canta com os pés enfiados na lama", afirmou o chefe da diplomacia turca, Mevlut Cavusoglu à Anadolu, agência de notícias do governo.

Em discurso no Conselho da Europa, em Estrasburgo, o presidente francês afirmou nesta terça-feira que, trinta anos após a queda do Muro de Berlim, os direitos fundamentais não eram respeitados em certos países. Macron citou como exemplo a Turquia, onde "o Estado de direito recua, onde processos são abertos na Justiça contra os defensores dos Direitos Humanos, jornalistas, universitários, que merecem toda a nossa vigilância".

O chefe de Estado francês também criticou a política migratória turca, ao responder a uma deputada grega sobre a nova crise que Atenas enfrenta, com a chegada de 20 mil migrantes nos últimos três meses. "Você tem totalmente razão de dizer que essa é uma forma de pressão da Turquia", afirmou Macron, reiterando que "a melhor resposta é não ceder" e fazendo um apelo em prol da cooperação de Ancara.

Irritado, Cavusoglu perguntou: "quantos refugiados Macron deixou entrar em seu país?". O chefe da diplomacia turca também criticou o acolhimento em Paris de membros curdos que integram as Forças Democráticas Sírias (FDS), organização considerada terrorista por Ancara.

Quatro milhões de refugiados

A Turquia acolhe atualmente mais de quatro milhões de refugiados, cuja boa parte é síria. No início de setembro, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou não receber mais migrantes, facilitando a entrada deles na União Europeia, caso não obtivesse ajuda internacional. O governo turco pede a criação de uma "zona de segurança" na Síria, para onde os migrantes deste país poderiam ser reenviados.

Já a França, com cerca de 110 mil pedidos de asilo, se situa em 4° lugar no ranking dos países da OCDE que mais recebem migrantes, atrás da Turquia (116 mil), Alemanha (162 mil) e Estados Unidos (254 mil). Enquanto a quantidade de refugiados diminuiu no último ano na Alemanha, a França registrou um aumento de 20% pelo segundo ano consecutivo, especialmente de migrantes da Albânia e da Geórgia, o que as autoridades consideram "injustificável".

Segundo Macron, "a França não pode acolher todo mundo, se ela quiser acolhê-los bem". Por isso, para o presidente francês, "há um trabalho a ser feito com a Turquia", para que ela respeite o acordo assinado com a União Europeia em 2016.

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