Pela primeira vez, Espanha tem mais ateus e agnósticos do que católicos praticantes
Dois terços dos espanhóis são católicos, mas apenas 22,7% ainda participam de missas ou se confessam. Segundo um relatório divulgado nesta semana pelo Centro de Pesquisas Sociológicas (CIS), o país conta atualmente com mais ateus, agnósticos e pessoas sem religião, uma situação inédita no país cuja tradição católica dura séculos.
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Na teoria, 66,3% dos espanhóis são católicos, mas apenas 22,7% praticam a religião. Na Catalunha, esse número é ainda mais baixo. A região autônoma conta com apenas 10,9% de católicos.
Em outras partes da Espanha, a tradição religiosa ainda é forte. Em La Rioja, no norte, cerca de 40% se declaram católicos praticantes.
Segundo dados do CIS, 13,3% dos espanhóis se dizem ateus, 8,5% são agnósticos e os indiferentes ou sem religião representam 8,3% da população. No total, esse número chega a 29,1% e é, pela primeira vez, maior do que a quantidade de católicos praticantes.
O processo de secularização da sociedade espanhola é registrado especialmente nas regiões mais industrializadas e cosmopolitas, onde há uma miscigenação maior de origens e culturas, como a capital Madri, e as regiões da Catalunha e do País Basco.
"A Espanha deixou de ser católica"
Para o jornal espanhol El Diario, o relatório é uma confirmação do discurso do então primeiro-ministro Manuel Azaña, em 1931: "A Espanha deixou de ser católica". A frase foi proferida diante da Corte Constitucional da República da Espanha, em 1931, por essa importante figura política que militou pela separação entre o Estado e a Igreja.
A tendência pode ser verificada em vários países de tradição católica na Europa. Em 2017, o jornal francês La Croix afirmou que a quantidade de pessoas sem religião na Irlanda registrava um forte aumento. Na França, em 2018, 32% da população se declarou católica, dos quais 19% não são praticantes.
O fenômeno é similar nos Estados Unidos, onde os ateus e agnósticos irão superar em breve a quantidade de evangélicos e se tornar, em número, mais importantes do que as pessoas religiosas.
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