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Itália/Battisti

Itália só ficará satisfeita "quando Battisti for extraditado", diz ministro da Justiça

O ministro da Justiça italiano, Alfonso Bonafede, reagiu com prudência nesta sexta-feira (14) ao anúncio da autorização de prisão do ex-militante de extrema esquerda, Cesar Battisti, anunciada pelo Supremo Tribunal Federal. Segundo ele, o governo “só ficará satisfeito”, quando ele for efetivamente extraditado.

O ex-militante de extrema esquerda Cesare Battisti vive em uma cidade no litoral paulista
O ex-militante de extrema esquerda Cesare Battisti vive em uma cidade no litoral paulista REUTERS/Nacho Doce
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De acordo com o ministro italiano, que publicou uma mensagem no Twitter, “o ministério da Justiça trabalha há muito tempo na questão”. A nova decisão anunciada pelo juiz Luiz Fux, que havia concedido no ano passado uma liminar a Battisti garantindo que ele não fosse expulso, autoriza a Polícia Federal a prender “imediatamente” Battisti. Bonafede, entretanto, reiterou: “só ficaremos satisfeitos quando Battisti for extraditado.”

Pouco depois, o ministro do Interior, Matteo Salvini, também reagiu à decisão da Justiça. "Um condenado à prisão perpétua que aproveita a vida nas praias brasileiras, desprezando as vítimas, me deixa louco de raiva. Reconhecerei o mérito do presidente Bolsonaro se ele ajudar a Itália a obter Justiça", disse. Bolsonaro respondeu no Twitter, reafirmando sua intenção, em português e italiano, de extraditar Battisti.

"Risco de fuga"

O pedido de prisão foi feito pela Procuradoria da República, que alegou " risco de fuga". Em 2017, ele foi detido na fronteira com a Bolívia, ao tentar sair do Brasil, sem a declaração obrigatória. Atualmente, o ex-militante do grupo Proletários Armados pelo Comunismo vive em Cananéia, no litoral paulista, é casado desde 2015 e tem um filho de outro relacionamento.

A chefe do partido de extrema direita, Fratelli d’Italia, Giorgia Meloni, também reagiu. “Esperamos que sua extradição seja rapidamente confirmada. As prisões do país o estão esperando de braços abertos”, declarou. A extradição de Battisti foi uma das promessas de campanha do presidente eleito, Jair Bolsonaro. “Vamos mostrar ao mundo nosso compromisso na luta contra o terrorismo”, disse ele em outubro, criticando um personagem “adorado pela esquerda brasileira”.

Ex-militante está no Brasil desde 2004

Na época, o ministro do Interior e vice-primeiro ministro de extrema direita, Matteo Salvini, parabenizou Bolsonaro pela vitória pedindo que, “depois de anos de falatório, o futuro governo brasileiro enviasse de volta o terrorista vermelho”. Cesare Battisti, 63 anos, foi condenado em 1993 à prisão perpétua por quatro mortes e por ter agido como cúmplice em assassinatos, no final dos anos 70, anos de chumbo na Itália, quando grupos se armaram para combater o governo.

Depois de uma fuga digna de um filme, ele chegou ao Brasil em 2004. Em 2007, a Itália pediu sua extradição. O STF julgou o pedido procedente, mas o então presidente da República, Luiz Inácio da Silva, recusou a extradição em seu último dia de mandato. No ano passado, o governo italiano pediu ao presidente Michel Temer que revisasse a decisão.

Depois da eleição de Bolsonaro, o advogado de Battisti entrou com um pedido de habeas corpus preventivo, aceito pelo STF, mas a liminar de Fux revogou a decisão, abrindo o caminho para a prisão e futura extradição.

 

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