Itália só ficará satisfeita "quando Battisti for extraditado", diz ministro da Justiça
O ministro da Justiça italiano, Alfonso Bonafede, reagiu com prudência nesta sexta-feira (14) ao anúncio da autorização de prisão do ex-militante de extrema esquerda, Cesar Battisti, anunciada pelo Supremo Tribunal Federal. Segundo ele, o governo “só ficará satisfeito”, quando ele for efetivamente extraditado.
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De acordo com o ministro italiano, que publicou uma mensagem no Twitter, “o ministério da Justiça trabalha há muito tempo na questão”. A nova decisão anunciada pelo juiz Luiz Fux, que havia concedido no ano passado uma liminar a Battisti garantindo que ele não fosse expulso, autoriza a Polícia Federal a prender “imediatamente” Battisti. Bonafede, entretanto, reiterou: “só ficaremos satisfeitos quando Battisti for extraditado.”
Il Supremo Tribunale Federale brasiliano, ha ordinato l'arresto di Cesare #Battisti. Sono state accolte le nostre richieste di rigettare il suo reclamo. È ciò per cui il @minGiustizia sta lavorando da tempo. Ma saremo soddisfatti solo quando Battisti sarà estradato in Italia.
Alfonso Bonafede (@AlfonsoBonafede) 14 décembre 2018
Pouco depois, o ministro do Interior, Matteo Salvini, também reagiu à decisão da Justiça. "Um condenado à prisão perpétua que aproveita a vida nas praias brasileiras, desprezando as vítimas, me deixa louco de raiva. Reconhecerei o mérito do presidente Bolsonaro se ele ajudar a Itália a obter Justiça", disse. Bolsonaro respondeu no Twitter, reafirmando sua intenção, em português e italiano, de extraditar Battisti.
Obrigado pela consideração de sempre, Senhor Ministro do Interior da Itália. Que tudo seja normalizado brevemente no caso deste terrorista assassino defendido pelos companheiros de ideais brasileiros! Conte conosco!
Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 14 décembre 2018
"Risco de fuga"
O pedido de prisão foi feito pela Procuradoria da República, que alegou " risco de fuga". Em 2017, ele foi detido na fronteira com a Bolívia, ao tentar sair do Brasil, sem a declaração obrigatória. Atualmente, o ex-militante do grupo Proletários Armados pelo Comunismo vive em Cananéia, no litoral paulista, é casado desde 2015 e tem um filho de outro relacionamento.
A chefe do partido de extrema direita, Fratelli d’Italia, Giorgia Meloni, também reagiu. “Esperamos que sua extradição seja rapidamente confirmada. As prisões do país o estão esperando de braços abertos”, declarou. A extradição de Battisti foi uma das promessas de campanha do presidente eleito, Jair Bolsonaro. “Vamos mostrar ao mundo nosso compromisso na luta contra o terrorismo”, disse ele em outubro, criticando um personagem “adorado pela esquerda brasileira”.
Ex-militante está no Brasil desde 2004
Na época, o ministro do Interior e vice-primeiro ministro de extrema direita, Matteo Salvini, parabenizou Bolsonaro pela vitória pedindo que, “depois de anos de falatório, o futuro governo brasileiro enviasse de volta o terrorista vermelho”. Cesare Battisti, 63 anos, foi condenado em 1993 à prisão perpétua por quatro mortes e por ter agido como cúmplice em assassinatos, no final dos anos 70, anos de chumbo na Itália, quando grupos se armaram para combater o governo.
Depois de uma fuga digna de um filme, ele chegou ao Brasil em 2004. Em 2007, a Itália pediu sua extradição. O STF julgou o pedido procedente, mas o então presidente da República, Luiz Inácio da Silva, recusou a extradição em seu último dia de mandato. No ano passado, o governo italiano pediu ao presidente Michel Temer que revisasse a decisão.
Depois da eleição de Bolsonaro, o advogado de Battisti entrou com um pedido de habeas corpus preventivo, aceito pelo STF, mas a liminar de Fux revogou a decisão, abrindo o caminho para a prisão e futura extradição.
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