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Reino Unido/Casamento real

Meghan dirá "sim" ao príncipe Harry mas não vai jurar "obediência" ao marido

Em uma cerimônia que promete misturar o que há de mais tradicional na monarquia britânica com os valores da geração “millennial”, o príncipe Harry, do Reino Unido, e a atriz americana Meghan Markle se casam, neste sábado, às 8h (em Brasília), na Capela de São Jorge, em Windsor, nos arredores de Londres.

Britânicos festejam casamento de Harry e Meghan
Britânicos festejam casamento de Harry e Meghan (Foto: Reuters)
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Maria Luísa Cavalcanti, correspondente da RFI em Londres

Alguns dos últimos detalhes do casamento foram divulgados durante a madrugada pela assessoria da família real britânica. Entre a lista de músicas clássicas e contemporâneas que serão tocadas durante a cerimônia, e a confirmação de que Meghan entrará na capela sozinha até ser recebida e conduzida ao altar pelo príncipe Charles, o pai do noivo, uma informação não passa despercebida: a noiva fugirá dos votos tradicionais ao não jurar “obediência” ao marido.

Nada mais natural para alguém como Meghan, uma defensora declarada da igualdade de direitos, representante da ONU Mulheres e conselheira de uma ONG que reúne lideranças jovens de todo o mundo. Seu ativismo começou na infância, mas ficou mais destacado depois que a atriz começou a namorar Harry, em julho de 2016.

O relacionamento, que só foi confirmado oficialmente quatro meses depois, passou, então, a ser escrutinizado pela imprensa britânica. O fato de ela ser filha de mãe negra e pai branco, já ter sido casada e ser três anos mais velha que o príncipe foi um prato cheio para tradicionalistas, que não esconderam seu racismo e seu preconceito. Mas desde o noivado, anunciado em novembro passado, o entorno da família real vem trabalhando intensamente a imagem de Meghan, fazendo-a cumprir com compromissos oficiais ao lado de Harry, sempre vestida discretamente, com gestos contidos e falas curtas. Analistas especializados na realeza têm elogiado a futura nobre e acreditam que ela representa uma injeção de modernidade na família e um sinal de que a Coroa britânica está sintonizada com os valores do século 21.

Harry, o mais querido

Já o príncipe Harry, o sexto na linha de sucessão ao trono britânico, é o membro da família real mais querido por seus súditos. Em uma pesquisa do instituto Ipsos MORI, divulgada na última segunda-feira, Harry aparece como o favorito de 42% dos britânicos – mais até do que a rainha Elizabeth e do que seu irmão William, o futuro rei.

Do menino frágil que emocionou o mundo no funeral da mãe, a princesa Diana, ao playboy mimado dado a escândalos públicos – principalmente quando se vestiu como um policial nazista para uma festa à fantasia ou foi flagrado nu em uma balada em Las Vegas -, Harry passou a ser um adulto carismático, envolvido em causas sociais e seguro para falar abertamente sobre os traumas do passado.

O casamento deste sábado, conduzido pelo Arcebispo da Cantuária, não tem o mesmo peso para a realeza do que a união de William com Kate Middleton, em 2011, nem terá a mesma magnitude. Nem políticos nem chefes de Estado foram convidados, e o casal fez questão de contar com a presença de 1200 cidadãos comuns dentro das muralhas do Castelo de Windsor – dentre eles, líderes comunitários de todo o país e representantes das várias ONGs com as quais os dois estão envolvidos.

Apesar de uma pesquisa do instituto YouGov ter revelado que 66% dos entrevistados britânicos se disseram nada interessados pelo casamento real, a cerimônia servirá de espetáculo para mais de 100 mil pessoas que são esperadas neste vilarejo a oeste de Londres e ainda para milhões – ou até bilhões – de espectadores que devem acompanhar tudo pela televisão em todo o mundo. O casamento de William e Kate atraiu uma audiência de cerca de 2 bilhões de pessoas.

Vestido e barba

Faltando poucas horas para o casamento, o maior mistério gira em torno do vestido da noiva, que só será visto quando ela entrar na capela. As tradicionais casas de apostas do Reino Unido faturaram alto nesse quesito e a grife mais cotada é Ralph & Russo, lançada em Londres em 2010 por um casal de estilistas australianos.

Outras marcas britânicas mais tradicionais, como Burberry e Stella McCartney, também estão entre as favoritas. Em suas aparições, Meghan tem usado uma mistura de roupas de luxo, de marcas de fast-fashion e de lojas de departamento, sabendo que todas elas imediatamente desaparecem das prateleiras ou são copiadas em todo o mundo – o vestido deste sábado já está sendo cotado com um ícone que deve marcar o mercado de noivas por vários anos.

Outro item que tem agitado as bolsas de apostas é a barba de Harry. Até a noite de sexta-feira, quando o príncipe saudou pessoas que acampavam em frente ao Castelo, a barba aparecia exatamente como tem sido vista desde que ele a deixou crescer, em 2013. Mas a maioria dos apostadores acredita que ele não fugirá à tradição de se casar de rosto limpo.

Além das casas de apostas e da indústria da moda, os setores do turismo e do varejo são os que mais devem lucrar com este casamento real, não só nesta semana, mas durante o resto do ano. Algumas estimativas de consultorias financeiras chegam a falar de um faturamento de £ 500 milhões, se somados também os ganhos com os direitos de transmissão do evento pelas televisões de todo o mundo.

Não há informações oficiais sobre quanto deve custar a união de Harry e Meghan. Um famoso aplicativo de orçamentos para casamentos fez cálculos baseados em valores de mercado e estima que a conta final deve passar dos £ 2 milhões. A família real vai cobrir com as despesas da cerimônia e da festa. Mas a conta mais alta é a do esquema de segurança montado em Windsor – em 2011, a polícia de Londres gastou mais de £ 6 milhões com a boda de William e Kate. Essa conta sai do bolso do contribuinte britânico, em meio a um momento de incerteza econômica diante do Brexit.

O casamento deste sábado deve servir como uma grande vitrine de um dos bens mais valiosos que os britânicos têm: sua família real. E se depender dos súditos, a rainha e seus descendentes não sairão de cena por muito tempo. Em uma pesquisa realizada em 2015, quase 70% dos britânicos disseram acreditar que a monarquia é algo bom para o Reino Unido e está aqui para ficar.

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