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Diretor Oliver Stone criticado por indulgência com Putin em documentário

O famoso diretor norte-americano Oliver Stone editou quase 50 horas de conversas com o presidente russo Vladimir Putin, realizando um documentário apresentado em quatro partes. A primeira poderá ser vista pelos franceses na noite de segunda-feira (26), na tv France 3, sob fundo de polêmica sobre a complacência do cineasta com Putin.

Diretor Oliver Stone (esq.) e presidente russo Vladimir Putin durante entrevista para o documentário
Diretor Oliver Stone (esq.) e presidente russo Vladimir Putin durante entrevista para o documentário captura tela
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Logo que foi exibido no canal de tv americano Showtime, entre 12 e 15 de junho, o documentário do consagrado Oliver Stone despertou diversas críticas dos telespectadores, que julgaram que ele foi muito indulgente com o presidente russo. A proximidade com que o diretor se relaciona com Putin, e como o defende, não agradou. O jornal HuffPost afirmou que Stone, que deu uma entrevista no final das projeções, chegou a arrancar risadas do público com seus elogios rasgados sobre as qualidades do polêmico chefe de estado.

Um trecho do documentário também causou muitas reações pelas declarações machistas de Putin: "Não sou uma mulher, então, não tenho "dias ruins". Com ar divertido, Stone disse: "O senhor acaba de insultar 50% da população americana, vai ser mal interpretado". Resposta de Putin: "Não quero insultar ninguém, é simplesmente a natureza das coisas. Há ciclos que são naturais", disse o presidente.

Uma outra sequência, em que Oliver Stone interroga Putin sobre homossexualidade, também chamou a atenção. O diretor pergunta se seria um problema para ele, em um submarino, tomar banho com um homem homossexual. O presidente responde, rindo: "Não adianta em nada provocá-lo", recebendo de volta um sorriso cúmplice de Stone.

Questionado por não ir ao fundo de questões relevantes, o cineasta se defende: "Acho que o tom da entrevista tinha que ser cordial e leve para que a conversa pudesse ser construtiva. Não tem nada a ver com metodologia ou complacência".  Mas o jornal francês Le Monde lembra que Sean Stone, filho do diretor, tem um programa no canal russo Russia Today, financiado pelo Kremlin.

O documentário é pró-Putin?

Oliver Stone não consegue esconder sua admiração pelo "homem mais poderoso do mundo", segundo a revista Forbes, que lhe concedeu o título nos últimos quatro anos. "Acho que Putin soube estabilizar a economia russa, protegendo-a de certas derivas e enquadrando os oligarcas", declarou à revista francesa Inrocks, que criticou o fato dele não ter interrogado Putin sobre as perseguições aos homossexuais na Chechênia.

O diário britânico The Guardian lamenta que quando Putin responde "nyet" (não, em russo), Stone nunca o relança ou interroga. E o jornal HuffPost critica que quando o cineasta foi convidado para um programa de TV, não soube dizer nenhum defeito do presidente russo. O único comentário foi que "Putin não tem o carisma de Fidel Castro, nem de Hugo Chávez".

Com suas "Conversas com o senhor Putin", o alvo de Oliver Stone parece ser mais o questionamento do imperialismo americano, do que o poder russo.

Como Stone realizou o filme com Putin

O cineasta encontrou o chefe de estado russo 12 vezes, entre junho de 2015 e fevereiro de 2017. Ele o entrevistou durante 50 horas, editando um documentário de quatro horas, dividido em quatro partes.

Oliver Stone já realizou diversos filmes e documentários sobre personalidades críticas ao poder americano, como Fidel Castro, Hugo Chávez e Edward Snowden. Sobre a nova escolha, ele declarou: "Sei a que ponto Vladimir Putin é odiado nos Estados Unidos e acho que isto me deu a curiosidade necessário para conhecê-lo melhor".

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