Inglaterra vive pior greve ferroviária dos últimos vinte anos

Os funcionários da Southern Railways, que administra as linhas entre o sul da Inglaterra e Londres, iniciaram nesta terça-feira (13) uma greve de dois dias. A mobilização, que afeta centenas de milhares de usuários, está sendo apresentada como a mais importante das últimas duas décadas no país.

A estação Victoria, em Londres, ficou praticamente vazia no primeiro dia de greve de trens na Inglaterra REUTERS/Neil Hall

Os 2.284 serviços da companhia Southern Railways, que transporta uma média de 300.000 pessoas por dia, foram cancelados. Os sindicatos – Aslef e RMT – decretaram a greve em protesto contra um projeto da empresa visando automatizar a abertura e o fechamento das portas dos vagões. Esse trabalho, até então realizado por um funcionário, ficaria sob a responsabilidade do próprio condutor.

A Southern Railways garante que a medida não prevê demissões. Já os sindicatos alegam que, além do risco cortes de funcionários, o novo sistema poderia afetar a segurança dos passageiros.

A companhia opera a linha que une Londres a localidades como Brighton e outras da costa do sudeste do país. As cidades da região são procuradas por muitas pessoas que decidiram se mudar para fugir dos altos preços de moradia na capital, mas que continuam fazendo o trajeto diariamente para trabalhar em Londres. Com a greve, a estação Victoria, principal ponto de chegada dos trens da Southern, estava praticamente vazia no primeiro dia de mobilização.

Muitos são demitidos por causa dos atrasos

No entanto, apesar dos transtornos, a mobilização conta com o apoio da população, já que a companhia, uma das várias empresas privadas que administram o transporte ferroviário no país, é também um das mais impopulares da Inglaterra. Os usuários reclamam frequentemente da falta de qualidade do serviço, das panes constantes, da falta de pessoal e, principalmente, dos atrasos e anulações de trens de última hora.

É comum ver na imprensa local e nas redes sociais pessoas que afirmam terem sido demitidos por causa dos inúmeros atrasos dos trens da companhia. Os problemas nas linhas são tão frequentes que alguns dizem ter sido discriminados em processos de recrutamento profissional por viverem em zonas que dependem da Southern Railways.

Bem distantes dos clichês sobre a pontualidade britânica, os números oficiais mostram que entre abril de 2015 e março de 2016 quatto em cada cinco trens da companhia chegaram atrasados. A composição que faz o trajeto entre Brighton e Londres chegou na hora certa apenas uma vez em 2015.