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Itália/migrantes

Itália lança campanha para alertar perigo aos novos migrantes

O governo italiano lançou nesta quinta-feira (28) uma contundente campanha para desencorajar os potenciais migrantes a fazer uma perigosa viagem para a Europa.

Estreito da Sicília, Itália, onde mais de 2 mil imigrantes foram resgatados pela Marinha italiana entre os dias 1º e 3 de maio no mar Mediterrâneo.
Estreito da Sicília, Itália, onde mais de 2 mil imigrantes foram resgatados pela Marinha italiana entre os dias 1º e 3 de maio no mar Mediterrâneo. Marina Militare
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A iniciativa, chamada Aware Migrants (Migrante Consciente), foi apresentada em Roma na Stampa Estera, a associação dos jornalistas estrangeiros, pelo ministro do Interior Angelino Alfano, e pelo diretor da Organização Internacional de Migração (OIM), Federico Soda.

O projeto já está online no site www.awaremigrants.org em três línguas - inglês, francês e árabe - e é transmitido nas principais redes sociais, como Facebook, YouTube, Twitter e Instagram . A campanha divulga o testemunho em áudio e vídeo de 80 migrantes que enfrentaram a travessia do deserto e do Mar Mediterrâneo com a esperança de realizar o sonho do eldorado europeu, mas que acabou se transformando em um pesadelo.

Migrantes falam de sonhos que viraram pesadelo

Tchamba, 36 anos, cidadão da África Ocidental, dá seu testemunho. Acompanhado da mulher e do filho recém-nascido, ele decidiu atravessar o Mediterrâneo e ir para a Europa. Ele revela que foi forçado pelos “traficantes de pessoas” a entrar no barco inflável num dia de tempestade, sem respeito pela vida dele e de sua família.

“É uma estrada sem retorno. É uma estrada que conduz diretamente ao inferno. É apostar a própria vida. Talvez você tenha dinheiro para pagar todos os passadores, mas com esse dinheiro você será um escravo. Eles ignoram se você é uma mulher ou uma criança. Se você chegar vivo ou morto, eles se preocupam só com o teu dinheiro” diz Tchamba.

Assim como ele, Jessica, 21 anos, da África Equatorial, faz um relato forte. Como muitos outros, ela procurou para chegar à Europa através da Líbia. Mas no país norte africano ela viveu o inferno. A jovem conta que ficou cinco meses na prisão, até que uma mulher árabe pagou para libertá-la para que fosse trabalhar como empregada doméstica. Em lágrimas, Jessica conta um episódio desta provação: o filho da patroa queria obrigá-la a fazer sexo anal com ele. “Ele ameaçava atirar em mim. Eu consegui fugir”, relata.

Campanha visa países africanos

O ministro Alfano explicou que a iniciativa é destinada principalmente a 15 países africanos de diversas partes do continente - África ocidental, subsaariana e do Magrebe - de onde vem a maioria dos migrantes irregulares.

“Queremos jogar simbolicamente uma garrafa no mar cibernético, esperando que alguém receba a mensagem” disse Alfano. O diretor da OIM, Federico Soda, explicou que a principal dificuldade foi convencer os migrantes a contar a própria história.

“Muitos migrantes chegam aqui e preferem esconder das próprias famílias o sofrimento que passaram. Às vezes é porque eles querem mostrar que venceram e não desiludir as expectativas dos parentes e da comunidade que ajudou a arrecadar dinheiro para financiar a viagem deles”.

Mais de 3,2 mil migrantes morreram no mar em 2014

O projeto custou €1,5 milhões e tem como objetivo atingir os jovens de 18 a 35 anos, que são os mais propensos a fazer a perigosa viagem. Segundo a Organização Internacional de Migração, em 2014, mais de 3.200 migrantes morreram no mar Mediterrâneo durante as trágicas travessias.

Em 2015, o balanço subiu para 3.700 mortos tentando atravessar o mar. E no primeiro semestre de 2016, cerca de 3 mil pessoas perderam a vida esperando alcançar as costas europeias.

“Se fossem contadas quantas pessoas morreram nas longas travessias do deserto, o número seria inexoravelmente maior” disse o diretor da OIM.
 

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