Acessar o conteúdo principal
Linha Direta

Alemanha pode mudar política para refugiados após ataques terroristas

Publicado em:

No ano passado, a Alemanha recebeu mais de 1 milhão de refugiados -embora o número tenha caído bastante neste ano, depois das medidas adotadas pela UE para reduzir o fluxo de imigrantes. A série de atentados poderá levar o governo do país a rever sua chamada "política de portas abertas."

Policiais deixam a residência do autor do atentado em  Ansbach, que deixou 15 feridos
Policiais deixam a residência do autor do atentado em Ansbach, que deixou 15 feridos REUTERS/Michaela Rehle
Publicidade

Márcio Damasceno, correspondente da RFI em Berlim

Foram quatro atentados em apenas uma semana. Há preocupação com o fato de que a Alemanha não consiga lidar com o grande número de imigrantes que entraram no país e que precisam de atendimento social e psicológico para não se tornarem vítimas fáceis do radicalismo. Os últimos ataques geraram até mesmo brigas internas nos partidos de coalizão de governo e na oposição.

O governador do estado da Baviera, Horst Seehofer, da própria coalizão de Merkel, exige uma postura mais rígida do governo alemão em relaçao aos ataques dos últimos dias. Ele pediu à chanceler Angela Merkel um maior controle dos refugiados na Alemanha e propôs revisar a decisão de não deportar migrantes criminosos para países em conflito.

Os atentados desta última semana provocaram até mesmo briga dentro da oposição. A líder do partido de esquerda, Sahra Wagenknecht, sofreu uma chuva de críticas de seus correligionários, depois de afirmar que o grande número de refugiados pode trazer problemas para a Alemanha. A declaração foi duramente criticada pelos colegas dela e interpretada como uma rejeição à acolhida de refugiados - algo que não combina com os ideais de esquerda do partido.

Aumento da xenofobia

Pode se dizer que esses ataques, realizados por cidadãos estrangeiros ou de origem estrangeira, causam um aumento da xenofobia na Alemanha, principalmente em áreas do país onde os partidos de extrema direita conseguem mais votos, como é o caso do leste da Alemanha. Em várias cidades da Saxônia, no leste alemão, estações de trem foram pichadas com frases contra imigrantes. Uma delas dizia “imigração mata”. Cartazes em árabe foram pendurados em algumas localidades, exigindo que refugiados deixem a Alemanha. Há notícias também de ataques isolados contra abrigos de refugiados.

Clima é de medo e pânico

O clima é de medo e pode ser ilustrado por um incidente ocorrido nesta terça-feira (26) em Berlim, quando um paciente de uma clínica, um aposentado alemão de 72 anos, matou um médico a tiros e se suicidou em seguida. As primeiras notícias causaram um certo pânico e um grande contingente de policiais foi acionado, até se descobrir o caso não tinha nada a ver com terrorismo e que o criminoso agiu sozinho. Houve pânico entre os pacientes do hospital.

Um outro incidente que pode ilustrar esse clima é o que ocorreu na sexta-feira (22), quando um adolescente alemão de origem irianiana abriu fogo em um shopping center de Munique, matando nove pessoas, antes de cometer suicídio. O crime não teve ligação com terrorismo islâmico. Mas policiais à paisana, armados, estavam no local e essa foi a causa do boato de que havia três atiradores.

Os homens sem uniforme teriam aumentado o pânico na cidade, fazendo com que testemunhas temessem que terroristas estivessem à solta nas ruas e alarmassem a polícia, que chegou a receber 4.300 chamadas de emergência. Houve boatos de que o centro de Munique estivesse sendo atacado também. As autoridades levaram as chamadas a sério, logicamente, e alertaram para que a população ficasse em casa e evitasse áreas públicas.

Série de ataques no país

Desses quatro ataques, só dois tiveram aparentemente ligação com terrorismo islâmico, mas todos incidentes foram cometidos por criminosos estrangeiros, aumentando a polêmica em torno da política para refugiados. Um era afegão, um tinha origem iraniana e outros dois eram sírios. O que causou mais vítimas foi o do shopping center de Munique, na sexta-feira. Foram dez mortos. Este não teve ligação com terrorismo. O autor era nascido na Alemanha e tinha origem iraniana.

Houve também um ataque domingo em Reutlingen, no sul da Alemanha, em que um sírio de 21 anos matou uma mulher. Aparentemente foi um crime passional. Na segunda retrasada, um refugiado afegão de 17 anos, foi morto pela polícia depois de ferir cinco pessoas com um machado e uma faca em um trem na cidade de Würzburg. Os motivos teriam sido islamistas.

O último atentado foi na cidade de Ansbach, na Baviera. Na noite de domingo um refugiado sírio se explodiu do lado de fora de um festival de música, ferindo pelo menos 12 pessoas. O ataque foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico.

 

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.