Manifestação recorde reúne 240 mil em Varsóvia
Organizado sob o lema "Somos e permaneceremos na Europa" e convocado pelo Comitê de Defesa da Democracia KOD, um protesto reuniu mais de 240 mil poloneses nas ruas da capital Varsóvia, neste sábado.
Publicado em: Modificado em:
A manifestação, que já é considerada um dos maiores protestos organizados na Polônia desde a queda do comunismo, em 1989, visava "preservar o lugar da Polônia na Europa", ameaçado, segundo os manifestantes, pela política dos conservadores no poder. O ato acontece após um procedimento sem precedentes da Comissão Europeia contra Varsóvia, com o objetivo de verificar o estado de direito na Polônia. Paralelamente, a Comissão de Veneza, órgão consultivo do Conselho da Europa, exigiu das autoridades polonesas respeito às decisões do Tribunal Constitucional.
O governo da primeira-ministra Beata Szydlo, do partido do Direito e da Justiça (PiS), tem recebido muitas críticas das instituições europeias em relação às suas reformas controversas, incluindo aquelas relacionadas ao Tribunal Constitucional e aos meios de comunicação. O governo, no entanto, defende sua ligação com a União Europeia, fonte de subsídios desde a adesão da Polônia em 2004.
Reunidos em frente à sede do governo na capital, a maioria dos partidos da oposição, incluindo a Plataforma Cívica (PO, liberal), Nowoczesna (liberal), Partido Camponês (PSL), o Partido Social Democrata (SLD) e os ambientalistas participaram da manifestação deste sábado. Engrossando o coro dos protestos, os manifestantes acenavam bandeiras nacionais e europeias, além de faixas com slogans pró-europeus.
A memória de Kiev e o medo da violência
A manifestante Danuta Grzymkowska afirmou, em depoimento à agência AFP, que "muitas pessoas acreditam que este movimento vai acabar em um Maidan polonês. Espero que não cheguemos a esse ponto", concluiu, em referência à praça de Kiev onde ocorreram grandes manifestações contra o governo ucraniano e que resultaram na queda do regime. "As pessoas que deveriam representar os poloneses representam apenas os interesses de um único partido", acrescentou Rafal Zagorowski.
"Não é um grande problema", minimizou em declarações na internet Jaroslaw Kaczynski, considerado pela classe política o principal autor da política adotada pelo governo. "Os protestos são o resultado do descontentamento dos resultados das eleições" presidenciais e legislativas, vencidas por seu partido, argumentou. A questão dos imigrantes, outro ponto sensível europeu, também foi alvo de Kaczynski, que reiterou a recusa em receber refugiados na Polónia. "Após os recentes acontecimentos vinculados a atos terroristas, nós não receberemos refugiados porque não há nenhum mecanismo que possa garantir a nossa segurança", finalizou.
(Com informações da AFP)
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro