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Bélgica/atentados

Moradores descrevem cenas de pânico em Bruxelas depois dos atentados

Vidros quebrados, sangue, correria e feridos por todos os lados. O cenário de horror que tomou conta da capital belga, do aeroporto Zaventem e da estação de metrô Maelbeek, no centro da cidade, dificilmente sairá da memória das testemunhas que presenciaram os atentados na capital belga, nesta terça-feira (22).

Equipes de resgate na estação Maelbeek, em Bruxelas
Equipes de resgate na estação Maelbeek, em Bruxelas Marija IVONINAITE / AFP
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Horácio Fernandes, brasileiro que vive em Molenbeek, Bruxelas

A Bélgica vive um dia de caos nesta terça-feira, com um atentado suicida e duas explosões que deixaram, até agora, pelo menos 34 mortos e 198 feridos no aeroporto de Zaventem, e na estação de Maelbeek, perto da Comissão Europeia. Testemunhas que estavam nos locais no momento dos ataques descrevem cenas de horror e pânico generalizado, muita fumaça, passageiros deixando suas bagagens e um enorme contingente policial.

“Eu estava no check in registrando minhas malas quando ouvi uma primeira explosão, a cerca de 20 metros. Em seguida, vi uma grande fumaça branca, e alguns segundos depois, uma segunda detonação, bem mais próxima”, descreve, em entrevista à RFI, a francesa Marie Olive, que estava no aeroporto.“Depois da segunda explosão, o teto do terminal começou a cair em cima das pessoas que aguardavam o embarque e aí começou o pânico. Todo mundo saiu correndo para a saída onde havia muita gente e muitos carros”. Segunda ela, “tinha muitos feridos, pessoas ensanguentadas, provavelmente atingidas por pedaços de vidro."

O vendedor Anthony, que trabalha em um balcão do aeroporto, também testemunhou a explosão. “Eu e meu colega chegamos para trabalhar às 8h. Ouvi uma explosão a 20 metros de mim. Olhei e vi um monte de papel voando, ficou claro que era uma bomba. Meu ouvido também ficou entupido com a detonação. Foi muito violento, todo mundo correndo para todo lado”, diz. “Pulei na esteira de bagagens. Meu colega viu alguém atirar e uma pessoa ferida ou morta, com uma perna sangrando. Foi nesse momento que decidimos fugir. Pegamos um tobogã de bagagens, e neste momento alguém nos levou para a saída. Na minha opinião, é preciso passar no detector de armas todo mundo que entra no aeroporto. E isso não é feito, infelizmente”.

Moradores perto do metrô descrevem terror

Moradores da capital que vivem perto da estação de metrô Maelbeek também descreveram a situação perto do local, onde foi criado um perímetro de segurança. “Moro a duas ruas de Maelbeek. Tenho amigos que passavam perto da estação, ouviram o barulho e ajudaram pessoas, em pânico, a saírem do metrô, sangrando e desesperadas. É muito chocante. Dizem que não podemos ceder ao pânico, mas, infelizmente, quando vivemos ao lado, é complicado. Tentamos ligar para amigos e conhecidos para ver se está tudo bem, mas o telefone também não funciona bem”, contou outra moradora da região.

Brasileiro que vive em bairro de jihadistas está trancado em casa

O brasileiro Horácio Fernandes, que mora há 11 anos na Bélgica, vive no bairro de Molenbeek, onde foi preso Salah Abdeslam, um dos suspeitos de ter planejado os atentados de Paris. A área era considerada como o quartel-general do grupo Estado Islâmico na Europa. Depois dos atentados, ele está trancado em casa, seguindo as orientações do governo belga e do consulado brasileiro. “Não param de passar carros de polícia e ambulância”, disse à RFI Brasil.

Ele já conseguiu entrar em contato com a família no Brasil, apesar das dificuldades em fazer e receber ligações – as operadoras telefônicas belgas estão sobrecarregadas. Horácio conta que recebeu um e-mail do consulado brasileiro na Bélgica, com um comunicado do cônsul brasileiro, Antonino Marques, pedindo à comunidade brasileira que ficasse em casa e respeitasse as orientações do governo belga.

Bairro foi escolhido por "indicação de amigos"

Horácio conta que foi parar no bairro “por indicações de amigos”. “Jamais imaginaríamos que os atentados de Paris pudessem ser planejados aqui. Um dos suspeitos foi preso a 200 metros daqui de casa. É algo que nunca vivenciamos antes”, declara. Segundo ele, a segurança no bairro está reforçada. “Sempre tem caminhões do exército e revistas, mas a polícia não tem como controlar todo cidadão que anda na rua”, conta.

O brasileiro diz ter “muitos vizinhos de família muçulmana” e que todos convivem em harmonia. “É difícil dizer qual será meu sentimento a primeira vez que eu sair na rua.” O brasileiro diz ter acompanhado no bairro a operação para prender Saleh Abdeslam, e tanto ele quanto outros moradores imaginavam que poderia haver represálias. “Havia um sentimento geral de que alguma coisa grave poderia acontecer.”

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