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Alemanha/ refugiados

Merkel endurece aos poucos política da Alemanha para refugiados

A chanceler alemã, Angela Merkel, adotou novas medidas para frear o esperado fluxo de migrantes na primavera, no hemisfério norte, ao mesmo tempo em que se prepara para as próximas eleições no país. O reagrupamento familiar para os refugiados de algumas nacionalidades é uma das mudanças implementadas.

Migrantes esperam para serem registrados em acampamento de Erding, perto de Munique, Alemanha, 27 de janeiro de 2016.
Migrantes esperam para serem registrados em acampamento de Erding, perto de Munique, Alemanha, 27 de janeiro de 2016. REUTERS/Michaela Rehle
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Agora, é mais difícil para imigrantes marroquinos, argelinos e tunisianos trazerem as suas famílias para a Alemanha. As regras para a concessão de asilo para essas nacionalidades também se tornaram mais rígidas e os imigrantes poderão ser expulsos mais facilmente. A Argélia, o Marrocos e a Tunísia foram incluídos na lista de países "seguros", ou seja, onde não há uma emergência humanitária ou política que justifique automaticamente o asilo no exterior.

Os imigrantes que se beneficiarem da "proteção subsidiária" não terão direito, durante dois anos, de reunir sua família na Alemanha, afirmou o vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel Gabriel, que é ministro da Economia e líder do Partido Social-democrata (SPD). A "proteção subsidiária" é uma figura jurídica abaixo do "status" de refugiado, que permite obter uma autorização de residência durante três anos e reunir a família. Destina-se aos imigrantes que tiveram seu pedido de asilo rejeitado, mas que não podem ser expulsos do país.

Essa medida também afetará uma parte dos sírios que, durante muito tempo, beneficiaram-se de um direito de asilo quase automático. Desde 1º de janeiro, porém, Berlim retomou a análise individual dos pedidos para todos os imigrantes.

Mudar regras antes de mais desembarques em massa de migrantes

O pacote coloca fim a dois meses de difíceis negociações políticas entre os integrantes da coalizão conservadora de Merkel, que inclui o CDU de Merkel, o CSU - que exige a fixação de um limite para o acolhimento de refugiados - e os social-democratas.

O objetivo das medidas é preparar o terreno para uma redução do fluxo migratório, após a chegada à Alemanha de mais de um milhão de refugiados em 2015. A queda foi prometida pelo chanceler, mas Merkel exclui o fechamento das fronteiras, apesar da forte queda de seu índice de popularidade por causa da gestão da crise migratória.

O governo alemão avalia que é preciso aproveitar a trégua oferecida pelas tempestades de inverno no Mar Mediterrâneo para reconfigurar as normas de asilo nos países que mais têm sido procurados pelos migrantes. "É preciso utilizar essa oportunidade que se abre", afirmou na quinta-feira Peter Altmeier, coordenador da política migratória alemã, próximo colaborador de Merkel. "Mas ainda são muitos os 2.500 refugiados ilegais que chegam diariamente da Turquia na Grécia. É por isso que nosso objetivo é que o número de refugiados não aumente com o fim das tempestades de inverno", acrescenta.

40% dos alemães querem saída de Merkel

A linha de abertura é cada vez menos compartilhada: segundo uma pesquisa nesta sexta-feira (29) da revista Focus, 40% dos alemães consideram que a chanceler deve deixar seu cargo, contra 45% que são contrários.

A chanceler também aposta na concretização de medidas europeias, como a divisão de refugiados em toda a União Europeia e a milionária ajuda prometida para Turquia, Jordânia e Líbano, para diminuir a quantidade de sírios e iraquianos que chegam na Alemanha.

Sob o ponto de vista político, a rejeição popular ao acolhimento dos migrantes representa uma tendência ameaçadora antes de três eleições legislativas regionais, em 13 de março, nas quais é esperado um espetacular aumento dos populistas antimigrantes do partido AfD (Alternativa para a Alemanha). "Tudo deve dar a entender há uma continuidade, mas, na realidade, o governo prepara uma correção de sua política migratória", analisa nesta sexta-feira o jornal Handelsblatt.

Suécia e Finlândia querem expulsar imigrantes

O endurecimento progressivo ocorre enquanto a Alemanha aparece na Europa como um dos únicos destinos para os refugiados. Suécia e Finlândia anunciaram a decisão de querer expulsar 50% ou mais dos migrantes que chegaram em 2015. A Holanda espera reenviá-los de volta para a Grécia, enquanto Macedônia, Croácia e Sérvia querem impedir o trânsito das pessoas que têm como destino Áustria ou Alemanha.

O primeiro-ministro búlgaro, Boiko Borisov, pediu nesta sexta-feira o fechamento das fronteiras externas do espaço Schengen enquanto a União Europeia não decidir o que fazer com os migrantes que já estão dentro do bloco. “Não se pode deixar que (os refugiados) gastem seu dinheiro e depois sejam expulsos. O melhor é impedir que eles venham", acrescentou, após uma reunião com seu colega húngaro, Victor Orban.

Cerca de 30 mil refugiados sírios, iraquianos e afegãos seguiram pela rota dos Bálcãs em janeiro, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM). E, intensificados pelo mau tempo, os dramas continuam sendo registrados no Mar Mediterrâneo. As autoridades gregas recuperaram na manhã de quinta-feira (28) os corpos sem vida de mais 24 migrantes, entre eles 10 crianças. A marinha italiana encontrou outros seis cadáveres diante da costa líbia.
 

 

Com informações da AFP

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