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Linha Direta

Presidente eleito de Portugal promete defender união nacional

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O conservador Marcelo Rebelo de Sousa, de 67 anos, candidato independente mas apoiado pelo Partido Social-Democrata (PSD), de centro-direita, foi eleito presidente de Portugal com folga já no primeiro turno. Professor de Direito Constitucional e famoso comentarista político de televisão, Rebelo de Sousa obteve 52% dos votos e quase 2,5 milhões de votos, bem à frente do segundo colocado, o independente António Sampaio da Nóvoa, com pouco mais de 22%.

O novo presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, tomará posse no dia 9 de março.
O novo presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, tomará posse no dia 9 de março. REUTERS/Hugo Correia TPX IMAGES OF THE DAY
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Adriana Niemeyer, correspondente em Lisboa

Em sua primeira declaração como presidente eleito, Rebelo de Sousa disse que quer "recriar a justiça social, econômica e política em Portugal, fomentando a unidade nacional, cicatrizando feridas e construindo novas pontes".

Pelo sistema parlamentar português, o presidente da República tem poderes limitados. Porém, como frisou o primeiro-ministro socialista, António Costa, antes da votação, "os portugueses deviam ter em conta, na hora de votar, que o presidente tem o poder de vetar as decisões do governo, enviar as leis aprovadas para o Tribunal Constitucional quando não estiver de acordo e, acima de tudo, pode dissolver o Parlamento e convocar novas eleições".

Rebelo de Sousa qualificou de "absolutamente absurda" a hipótese da dissolução do Parlamento assim que assumir o cargo, no dia 9 de março. Analistas portugueses indicam que o presidente conservador não será inimigo do primeiro-ministro socialista, seu ex-aluno na Faculdade de Direito de Lisboa.

Nos últimos quatro anos, tanto o ex-primeiro-ministro Passos Coelho quanto o presidente Cavaco Silva pertenciam ao mesmo partido conservador PSD. Após as últimas eleições legislativas, enquando Passos Coelho não conseguia formar um governo por não ter maioria no Parlamento, o presidente Cavaco Silva tomou atitudes pelas quais foi acusado, em várias ocasiões, de tentar proteger o seu partido contra os interesses do país. Esse conflito de interesses ainda está vivo na memória dos portugueses, que tiveram de esperar 50 dias para a formação de um governo de esquerda devido aos empecilhos que o presidente colocava.

Presidente eleito é ex-comentarista de TV

As pesquisas realizadas na última semana davam sempre mais de 50% de intenções de voto para o candidato conservador. Rebelo de Sousa era visto por milhões de portugueses aos domingos, no canal de maior audiência da TV portuguesa, e sua opinião sempre teve grande influência. Porém, desde dezembro, quando apresentou oficialmente a sua candidatura, ele perdeu mais de 10% na preferência do eleitorado, enquanto Sampaio da Nóvoa, apoiado por uma ala dos socialitas, vinha subindo nas pesquisas, impulsionado pelo bom desempenho nos debates televisivos. Pesou contra Sampaio da Nóvoa, ex-reitor da Universidade de Lisboa, o fato de ser desconhecido do grande público e nunca ter exercido um cargo político.

A terceira colocada, Marisa Martins, do Bloco de Esquerda, obteve 10% dos votos e foi a grande surpresa destas eleições. Ela teve uma votação duas vezes maior que o candidato comunista Edgar Silva. A abstenção chegou a 52%, uma das mais altas desde a Revolução dos Cravos, o movimento que derrubou o regime salazarista em 1974.

A vitória de Rebelo de Sousa confirma uma tendência dos últimos quarenta anos em Portugal: desde a queda de Salazar, houveram nove eleições para presidente e somente em uma ocasião existiu um segundo turno.

Bloco de Esquerda sai da eleição fortalecido

A jovem Marisa Matias, eleita deputada europeia pelo Bloco de Esquerda, que é um partido semelhante ao grego Syriza ou ao espanhol Podemos, não conseguiu levar os resultados para um segundo turno, como era a sua meta, mas foi uma das vencedoras deste domingo (24). Ela progrediu continuamente nas pesquisas e alcançou um inesperado terceiro lugar, à frente da experiente socialista Maria de Belém e do comunista Edgar Silva.

Marisa Matias introduziu temas quentes e incômodos na campanha, como as subvenções vitalícias aos ex-deputados. Ela garantiu que, se fosse eleita presidente da República, devolveria ao Parlamento o orçamento retificativo de 2016, que teve de ser modificado pela crise provocada pela quebra de mais um banco português. Com excelente oratória, a deputada foi fiel e coerente ao programa que apresentou desde o início da campanha e consolidou o Bloco de Esquerda como terceira força política do país, conseguindo o mesmo resultado para o seu partido que nas últimas eleições legislativas.

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