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FMI pede integração "rápida" de migrantes na Europa

Em um relatório a ser apresentado nesta quarta-feira (20) no Fórum Econômico Mundial de Davos, o Fundo Monetário Internacional (FMI) sugere uma integração rápida dos migrantes no mercado de trabalho, mas também admite as dificuldades de execução dessa tarefa diante do alto custo para os governos.

Refugiados instalados no centro de Paris, em dezembro de 2015.
Refugiados instalados no centro de Paris, em dezembro de 2015. DOMINIQUE FAGET / AFP
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Diante da maior onda migratória na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, os especialistas do FMI analisaram o impacto da chegada massiva dos refugiados no momento em que vários países do continente registram pouco crescimento de suas economias e altos índices de desemprego.

"Com uma taxa de desemprego elevada em vários países europeus, a integração dos refugiados poderá demorar mais tempo do que em outros lugares", afirma o documento a ser apresentado oficialmente em Davos pela diretora-geral do Fundo, Christine Lagarde.

O estudo foi feito no momento em que mais de 1 milhão de requerentes de asilo, a maioria vindos da Síria, chegou à Europa em 2015. E o fluxo não diminui, apesar do inverno.

Prós e contras

A curto prazo, de acordo com o FMI, o impacto é relativo: por um lado, as despesas públicas ligadas à acolhida dos refugiados se traduzem automaticamente em uma "modesta" aceleração do crescimento econômico, mas, por outro, vão pesar nas finanças públicas.

Este ano, o custo será pequeno para a França (0,06% do PIB), mas importante para a Áustria (0,31% do PIB) e para a Alemanha (0,35%), principal país de acolhida para imigrantes, segundo a instituição.

Estranhamente, o FMI não analisou o caso da Grécia, país bastante utilizado na rota dos refugiados e que deve cumprir os objetivos fixados em seu orçamento pelos seus credores.

A médio prazo, o impacto econômico desta onda migratória irá depender "bastante" da capacidade dos refugiados de encontrar um trabalho e de pagar impostos e encargos sociais, diz o FMI.

Na divulgação desta terça-feira (19) de suas estimativas para a economia mundial em 2016, o Fundo Monetário Internacional identificou um "grave problema" na capacidade de absorção por parte dos mercados de trabalho na Europa.

Obstáculos da integração

O relatório desta quarta-feira se mostra mais otimista ao julgar "possível" que os imigrantes desembarcando na Europa tenham mais qualificação e um melhor nível escolar do que as gerações anteriores de imigrantes. Cerca de 20% dos refugiados que chegaram à Alemanha entre 2013 e 2014 tinham ensino superior, um índice próximo do país que os acolhe.

No entanto, o documento destaca as dificuldades para a integração: problema da língua, a equivalência dos diplomas, e ainda a proibição de trabalho para os refugiados enquanto esperam uma resposta ao seu pedido de asilo.

O FMI defende uma redução das restrições e sugere até uma retirada "temporária" da obrigação aos empregadores de pagar um salário mínimo quando contratam requerentes de asilo. A proposta, considerada politicamente muito arriscada, deve ser "estudada com cuidado", de acordo com o FMI, diante do risco de criar “precedentes” no mercado de trabalho que possam ser difíceis de serem suprimidos posteriormente.

Integração é crucial

O relatório alerta que a ideia também pode gerar um risco de ressentimento em relação aos refugiados porque eles poderiam ser vistos como "concorrentes" no mercado de trabalho. O fluxo de imigrantes pouco qualificados também poderia provocar tensão com os cidadãos do país de acolhida que se encontram na mesma situação.

Mas, destaca o FMI, a inserção profissional dos refugiados é crucial para que eles contribuam com o pagamento de impostos e diminuam os gastos dos países de acolhida, além de limitar os riscos de exclusão social.

Ao se referir a ondas de imigração no passado, o FMI afirma que elas tiveram um ligeiro impacto positivo nas finanças dos países de acolhida, mas preferiu não comentar a situação atual.

"Há uma incerteza considerável sobre dados futuros, a origem dos próximos refugiados, a proporção em que serão autorizados (ou demonstrarem interesse) a permanecerem a longo prazo, e sobre o sucesso da integração deles no mercado de trabalho", concluiu o FMI.

 

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