Passeata pelo fim da violência contra mulheres reúne milhares de pessoas na Espanha
Milhares de pessoas de toda a Espanha participaram neste sábado (7) de uma manifestação em Madri para exigir o fim da violência contra as mulheres na Espanha. Os manifestantes pedem medidas mais efetivas de combate ao fenômeno que neste ano já provocou 41 mortes, apesar do país ter uma das leis mais avançadas sobre o assunto.
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A passeata foi convocada por mais de 400 associações feministas do país. Os milhares de manifestantes, mulheres e homens vestidos de roxo, percorreram as ruas do centro da capital espanhola aos gritos "Não estamos todas (presentes), faltam as mortas!", "A luta será feminista ou não será" e "A violência tem gênero".
Também participaram da manifestação os principais sindicatos e representantes de todos os partidos políticos. Em plena campanha eleitoral para as legislativas de 20 de dezembro, algumas siglas foram representadas por seus secretários-gerais, como o socialista Pedro Sánchez e o esquerdista Pablo Iglesias, líder do Podemos.
Violência conjugal e crise econômica
Os manifestantes também exibiam cartazes com frases como "Eu sou humana e você?" ou "Não morremos, nos matam". “Por causa da crise econômica, muitas mulheres sem recursos e sem lugar para onde ir, não puderam deixar seus agressores”, denunciou Marisa Teijeiro, de 61 anos, bancária aposentada. Por isto, segundo ela, “mais do que nunca, são necessários mais recursos públicos e não cortes".
Segundo dados do governo espanhol, 41 mulheres morreram desde janeiro agredidas pelos companheiros ou ex-companheiros. Entre elas, 25 nasceram na Espanha e 16 em outros países. Apenas sete haviam dado queixa da violência conjugal. Apunhaladas, espancadas e inclusive queimadas, cada uma delas foi reportada pela imprensa em uma Espanha especialmente sensibilizada por este fenômeno social, que afeta países desenvolvidos e em desenvolvimento dos cinco continentes.
Em 2006, o Conselho Europeu indicou a Espanha como exemplo de luta da violência contra a mulher em reconhecimento ao governo socialista da época, presidido por José Luis Rodríguez Zapatero. Feminista declarado, Zapatero colocou o país na linha de frente desta campanha com a aprovação, em 2004, de uma lei pioneira na Europa para proteger as mulheres da violência conjugal.
Desde então, o número de mortes diminuiu, passando de 71 em 2003 para 54 de 2014. As organizações feministas reivindicam agora que a lei se amplie para incluir outras formas de violência contra as mulheres como as agressões sexuais, o assédio em local de trabalho e o tráfico de mulheres e crianças.
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