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Grécia/Crise

Posição autoritária da Alemanha em relação à Grécia revolta políticos e redes sociais

Enquanto os líderes da zona do euro negociavam em Bruxelas um acordo com a Grécia, as redes sociais pegaram fogo na Europa contra o suposto autoritarismo dos alemães em relação aos gregos. Na madrugada de domingo para segunda-feira (13), a hashtag #ThisIsACoup, que pode ser lida como "este é um golpe de Estado dos alemães contra os gregos" , foi reproduzida por milhares de seguidores.

O co-fundador da Frente de Esquerda, Jean-Luc Mélenchon, discursa no encerramento do congresso "A solução é o povo!", em Villejuif, subúrbio de Paris, em 5 de julho de 2015.
O co-fundador da Frente de Esquerda, Jean-Luc Mélenchon, discursa no encerramento do congresso "A solução é o povo!", em Villejuif, subúrbio de Paris, em 5 de julho de 2015. AFP PHOTO/JACQUES DEMARTHON
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Tudo indica que o criador da hashtag foi o professor de matemática e física de Barcelona Sandro Maccarrone. Seu grito de protesto encontrou simpatizantes na Grécia, França e Alemanha. O prêmio Nobel de Economia, Paul Krugman, ferrenho opositor dos programas de austeridade na Europa, logo a adotou, chamando de "loucura" as exigências feitas pelos credores a Atenas.

O co-fundador do partido Frente de Esquerda na França, Jean-Luc Mélenchon, candidato derrotado nas presidenciais de 2012, disse que a União Europeia negociou "apontando um revólver contra a cabeça" do premiê grego, Alexis Tsipras. Mélanchon criticou a pressão dos europeus sobre "uma nação que já está asfixiada" e se referiu ao presidente François Hollande como "um simples assessor" da chanceler alemã, Angela Merkel.

Na Espanha, o eurodeputado espanhol Pablo Echenique, do partido antiausteridade Podemos, disse que "estão tentando submeter a Grécia a um regime de protetorado", como na época da colonização. "Não existe mais solidariedade na Europa", lamentou o deputado. 

"Isso não é um acordo, é uma ditadura", condenou Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda, legenda antiliberal portuguesa. "Varreram a democracia do mapa da Europa para abrir espaço a medidas de estilo colonial", disse ela.

Ricardo Costa, diretor da revista semanal portuguesa Expresso, afirmou que as condições impostas a Atenas foram "intencionalmente humilhantes". "Medida por medida, a intenção foi colocar a Grécia de joelhos. O conjunto das exigências são a base de uma rendição total, uma espécie de tratado de Versalhes escrito em alemão", comentou o editorialista, referindo-se ao tratado assinado pelas grandes potências, que encerrou oficialmente a Primeira Guerra Mundial, em 1919. 

As propostas "explosivas" de Schauble, o ministro alemão

O jornal Le Monde afirma que a Alemanha colocou Tsipras de joelhos. O jornal relata várias exigências "explosivas" do ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schauble. Foi de Schauble a ideia de criar um fundo de privatizações de € 50 bilhões, com dinheiro dos bancos gregos, a título de garantia para o terceiro plano de resgate. "Os credores querem toda a riqueza da Grécia", disse um negociador grego, segundo Le Monde. A mesma fonte explicou ao jornal que "mesmo somando todos os aeroportos, os bancos e a gestão dos recursos hídricos da Grécia, o país só conseguiria arrecadar de € 17 a € 18 bilhões de euros com as privatizações".

As humilhações do grupo comandado pela Alemanha foram ouvidas durante todo o fim de semana nos corredores do Conselho Europeu em Bruxelas. O ministro finlandês das Finanças, Alexander Stubb, afirmou que "os gregos nada fizeram nos últimos 50 anos e agora têm de pagar a conta".

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