Grécia promete esforço para sair definitivamente da crise

A Grécia formulou propostas realistas para obter uma promessa de financiamento adequada até o final da semana e sair definitivamente da crise, garantiu o primeiro ministro, Alexis Tsipras, na saída de uma cúpula extraordinária da zona do euro nesta terça-feira (7). De acordo com ele, a atmosfera das discussões foi positiva e o processo será rápido: "começará nas próximas horas e deverá ser concluído, no máximo, no fim da semana".

Líderes da União Europeia na chegada à cúpula para discutir a situação grega REUTERS/Yves Herman

"O lado grego dará prosseguimento a seus esforços, apoiado na arma robusta do veredicto do povo grego, cuja ampla maioria se pronunciou a favor de um acordo viável para por fim às discussões e abrir o caminho para uma saída da crise", afirmou Tsipras. Nesta quarta-feira, ele deve apresentar um projeto provisório elaborado por Atenas, que permita desasfixiar seu sistema bancário e garantir um prazo extra para a elaboração de um acordo definitivo.

O novo projeto deve levar em conta não só o resultado do referendo, mas as propostas das instituições europeias e a posição comum dos partidos políticos gregos, definida ontem em uma reunião entre todas as siglas, com exceção da neonazista Aurora Dourada. Este texto deve ser estudado em uma nova reunião dos líderes da zona do euro, prevista para acontecer no próximo fim de semana, em Bruxelas. De acordo com o novo ministro grego das Finanças, Euclides Tsakalotos, os parceiros da zona do euro demonstraram vontade política de dar uma nova chance à Grécia.

UE preparada para a "Grexit"

Apesar da aparente boa-vontade de Atenas, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, fez questão de exibir seu ceticismo e afirmou que a UE está muito bem preparada para a possibilidade de a Grécia deixar a zona do euro. "A Comissão está disposta a tudo. Preparamos uma eventual 'Grexit' detalhadamente (...) e também a possibilidade de manter a Grécia na zona do euro", disse Juncker, na saída da cúpula.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, declarou que a Grécia tem até quinta-feira (9), no máximo, para apresentar um pacote de reformas consistente a seus credores. Tusk disse que o bloco concordou em estudar com urgência a possibilidade de encontrar as bases de um acordo. Para a chanceler alemã, Angela Merkel, é preciso que o novo plano de resgate se estenda por vários anos - de acordo com uma fonte no governo grego, Atenas estaria disposta a aceitar uma ajuda de dois anos.

Crise de liquidez

Nesta terça-feira, pelo nono dia seguido, os bancos gregos ficaram fechados e os saques permanecem limitados a € 60 diários. De acordo com o ministro adjunto da Economia, Dimitris Mardas, a reabertura das instituições será gradual.

"O objetivo é reabrir progressivamente todos os bancos, até que a situação seja normalizada", disse o ministro à rede pública de televisão ERT. Ele não forneceu, no entanto, uma data para que isso aconteça, já que tudo depende "das propostas do Banco da Grécia, da União de Bancos Gregos e das condições de mercado".

Um impulso para essa normalização, ainda que provisório, pode ser dado pelo Banco Central Europeu (BCE) que, de acordo com o presidente francês, François Hollande, garantirá a liquidez mínima do sistema bancário grego até que os membros da zona do euro se pronunciem sobre o projeto de acordo neste fim de semana.

Na quarta-feira, um novo decreto para regular o funcionamento dos bancos deve ser promulgado em substituição ao de 28 de junho, que determinou, além do fechamento das agências e o limite de saques, a probição das transferências para o exterior.

Com informações da AFP