Líder da oposição russa é detido por violar prisão domiciliar

O principal líder da oposição russa, Alexei Navalny, foi detido na noite desta terça-feira (30) por violação de prisão domiciliar. Ele foi abordado pela polícia quando estava a caminho do protesto contra a sentença suspensa de três anos e meio de detenção que recebeu nesta manhã de um tribunal russo. Mesmo sem a presença de Navalny, a manifestação aconteceu no centro de Moscou e terminou com mais de 130 presos.

Alexei Navalny foi preso nesta terça-feira (30) perto da manifestação convocada por ele no centro de Moscou. REUTERS/Tatyana Makeyeva

Blogueiro e advogado, o oponente número um do presidente russo Vladimir Putin se dirigia à manifestação convocada por ele mesmo perto do Kremlin, quando foi interpelado por vários policiais. Ele foi atirado dentro de um carro de polícia, onde havia centenas de policiais e membros das forças especiais russas.

Pouco depois, Navalny escreveu em sua conta no Twitter: "Eu não consegui chegar à manifestação. Mas isso não quer dizer que vocês não possam ir. Eles não poderão prender todo mundo", escreveu

Centenas de manifestantes ouviram o líder e se reuniram no centro de Moscou. A página do evento no Facebook contava com 18 mil participantes. A polícia e as forças especiais tentaram dispersar o protesto. Mais de 130 pessoas foram presas.

Três anos e meio de prisão

Nesta manhã, Navalny recebeu a sentença suspensa de um tribunal russo de três anos e meio de detenção, mas alega ser inocente. Seu irmão, Oleg Navalny, recebeu uma pena similar, mas em regime fechado. Eles foram considerados culpados pelo desvio de € 400 mil euros (27 milhões de rublos) para uma filial russa da empresa de cosméticos francesa Yves Rocher.

Desde fevereiro, o opositor de 38 anos estava em prisão domiciliar e não tinha autorização para participar de manifestações. Ele ficou conhecido em todo o mundo quando liderou protestos gigantescos contra Putin em Moscou e em São Petersburgo, há três anos.

Motivação política

A União Europeia criticou a condenação do blogueiro. A porta-voz da chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini declarou que a detenção de Navalny “parece ter uma motivação política".

Já o departamento de Estado norte-americano classificou o caso como “perturbador”. Para Washington, o objetivo da prisão do principal opositor do governo russo é “punir e dissuadir a militância política”.

O Kremlin se exime de qualquer responsabilidade sobre o destino de Navalny. O porta-voz de Putin, Dmitri Peskov declarou que o presidente russo estava a par do veredicto anunciado hoje pela justiça do país, mas se recusou a comentar o assunto.