Yanukovitch é alvo de investigação "por assassinatos em massa", diz ministro interino

Em meio à crise que já deixou mais de 80 mortos desde o início do movimento de contestação, o parlamento ucraniano se reúne nesta segunda-feira (24) para tentar formar um novo governo. O presidente Viktor Yanukovitch foi destituído pelos próprios parlamentares neste sábado e é alvo de uma investigação por "assassinatos em massa."  

O presidente em exercício da Ucrânia, Oleksander Turchinov REUTERS/Alex Kuzmin

O ex-chefe de Estado ucraniano deverá ser julgado pelas mortes de civis ocorridas durante os confrontos com a polícia, anunciou o ministro do Interior interino, Arsen Avakov, em sua página no Facebook.

Segundo ele, Yanukovitch foi localizado ontem em Balaclava. O ex-presidente deixou a cidade de carro para um local desconhecido em companhia de seus conselheiros. Ele também teria tentado deixar o país de avião, mas foi impedido pela polícia na fronteira.

Yanukovitch parece estar perdendo todos os seus aliados. Ontem, seu próprio partido divulgou um comunicado dizendo que ele é o responsável pela tragédia que a Ucrânia vive atualmente. Um pouco mais tarde, um conhecido apresentador da televisão estatal russa afirmou que Yanukovitch traiu seu povo ao sair de Kiev para se refugiar no leste do país.

Formação de governo provisório é desafio

O desafio agora é tentar chegar a um consenso sobre quem formará o governo de transição até as eleições presidenciais antecipadas de 25 de maio. O novo governo terá que enfrentar dois problemas urgentes. À beira da falência, a Ucrânia precisa de 35 bilhões de dólares nos próximos dois anos e pede a organização de uma conferência internacional de doadores.

A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, chega nesta segunda-feira a Kiev para se encontrar com os novos dirigentes. Os europeus se dizem dispostos a negociar uma ajuda financeira ao país e assinarem um acordo comercial com a Ucrânia, quando o país tiver um novo governo.

A crise política começou quando o presidente destituído Viktor Yanukovitch se recusou a assinar esse acordo preparado durante anos, preferindo reforçar sua parceria com a Rússia.

Outro grande desafio é manter a integridade territorial de uma nação cada vez mais dividida entre o leste russófono e o oeste nacionalista. Os dirigentes ocidentais e o Kremlin foram unânimes ao declararem ontem que é necessário respeitar a unidade do país.

Segundo um balanço divulgado ontem, 82 pessoas morerram desde terça-feira passada em confrontos entre a polícia e manifestantes na Ucrânia. O presidente destituído Viktor Yanukovitch continua desaparecido.