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Ucrânia/Crise

Ucrânia terá governo de união nacional até terça

O presidente do parlamento ucraniano, Oleksander Turchinov, braço direito da opositora Iúlia Timochenko, vai exercer provisoriamente a função de presidente da República no lugar de Viktor Yanukovitch, destituído neste sábado pelos deputados. Os parlamentares também decidiram formar até terça-feira um governo de união nacional. Neste domingo (23) a calma voltou ao centro de Kiev, onde lojas fechadas há vários dias finalmente reabriram.

A calma voltou à região ao redor do parlamento de Kiev neste domingo (23).
A calma voltou à região ao redor do parlamento de Kiev neste domingo (23). REUTERS/Baz Ratner
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A Rada (legislativo ucraniano) votou neste domingo (23) a transferência a título provisório dos poderes presidenciais para Oleksender Turchinov, menos de 24 horas depois que ele assumiu a presidência do parlamento. Uma eleição presidencial está prevista para o dia 25 de maio.

Assim como Iúlia Timochenko, Turchinov, 49 anos, é originário de Dniepropetrovsk, no sudeste do país. Ele é vice-presidente de seu partido.

Turchinov dirigiu o Serviço de Segurança do Estado após a "revolução laranja" de 2004, liderada por Iúlia Timochenko.

O parlamento também destituiu neste domingo o ministro das Relações Exteriores, Leonid Kojara. Próximo de Viktor Yanukovitch, ele ainda não foi substituído.

Em um gesto simbólico, os deputados votaram o confisco e transferência para o Estado da luxuosa residência do presidente destituído, situada a 25 km da capital. Essa propriedade de 140 hectares abriga uma mansão com uma decoração suntuosa, um zoológico particular, um heliporto e uma coleção de carros antigos.

Viktor Yanukovitch se recusou a pedir demissão neste sábado e denunciou um "golpe de Estado". Mas neste domingo ele foi abandonado por seu próprio partido, o Partido das Regiões, que o considerou "responsável pelos acontecimentos trágicos" na Ucrânia e condenou sua "traição" em um comunicado. O presidente foi destituído neste sábado pelo parlamento e desde então não se sabe do seu paradeiro.

Calma em Kiev

Neste domingo a calma voltou ao centro de Kiev, onde lojas fechadas há vários dias finalmente reabriram. Centenas de pessoas passeiam pela rua Institutska, palco dos piores massacres da semana, para ver de perto as barricadas e seus defensores e homenagear as vítimas.

Quase 80 pessoas morreram durante a semana, um nível de violência inédito nessa antiga república soviética.

A sede do Partido Comunista, aliado do partido de Viktor Yanukovitch no parlamento, foi pilhada por manifestantes e as expressões "criminosos", "assassinos" e "escravos de Yanukovitch" foram pichadas na fachada do prédio.

Cerca de 40 estátuas de Lênin foram foram derrubadas ou vandalizadas desde o início da semana, principalmente no leste do país, segundo a mídia ucraniana.

Documentos que detalham um sistema de propinas e uma lista de jornalistas a vigiar foram descobertos na resiência de Viktor Yanukovitch.

A ex-primeira-ministra Iúlia Timochenko, libertada ontem do hospital penitenciário onde estava detida, dedica seu primeiro dia de liberdade a reuniões com embaixadores ocidentais, antes de visitar sua mãe em Dniepropetrovsk, segundo seu partido, Batkivchtchina (Pátria). Ela também deve se reunir "muito em breve" com a chanceler alemã, Angela Merkel.

O partido Oudar (Golpe), do ex-boxeador Vitali Klitschko, pediu o lançamento de um mandado de prisão internacional, "para que os criminosos que fugiram ou que desejem fugir não escapem da Justiça". Cerca de 30 dirigentes da polícia já estão sendo investigados por seu papel na repressão. 

Reações internacionais

Embora a tensão tenha diminuído, a comunidade internacional continua preocupada com o futuro desse país de 46 milhões de habitantes. A Ucrânia está profundamente dividida e à beira da falência.

Durante a reunião do G20 neste domingo em Sidney, o secretário americano do Tesouro, Jack Lew, disse que "os Estados Unidos e outros países estão dispostos a ajudar a Ucrânia em seus esforços para retornar à democracia, à estabilidade e ao crescimento".

A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, pediu que os políticos ucranianos ajam "de maneira responsável" para manter a "unidade do país".

O ministro britânico das relações exteriores, William Hague, considerou que "não estaria no interesse da Rússia" fazer uma intervenção militar na Ucrânia.

 

A Comissão Europeia se declarou neste domingo disposta a firmar um acordo comercial com a Ucrânia, quando o país tiver um novo governo.

A crise políticia ucraniana teve início em novembro quando o presidente Viktor Yanukovitch se recusou a assinar um acordo comercial com a União Europeia que estava sendo negociado há vários anos e escolheu reforçar sua parceria com Moscou.

Desde então a Rússia prometeu emprestar 15 bilhões de dólares à Ucrânia e reduzir o preço do gás natural que vende ao país vizinho. No entanto, Moscou suspendeu nesta semana o pagamento da ajuda.

 

 

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