Acessar o conteúdo principal
Europa/Diplomacia

Espionagem americana pode desencadear crise política

Líderes políticos de diversos países europeus reagiram nesta segunda-feira à acusação publicada pela revista alemã Der Spiegel, de que os EUA espionaram a União Europeia. De acordo com a publicação, a Agência de Segurança Nacional (NSA) tinha microfones e câmeras instaladas no escritório do bloco em Washington, além de ter utilizado o programa de espionagem Prism para interceptar correspondência eletrônica entre membros. A Der Spiegel teve acesso a documentos vazados pelo ex-agente da CIA Edward Snowden.

Espionagem de escritórios da União Europeia revolta lideranças políticas
Espionagem de escritórios da União Europeia revolta lideranças políticas REUTERS/Gleb Garanich
Publicidade

A acusação abala as conversas sobre um amplo acordo de livre-comércio que a União Europeia negocia com os Estados Unidos. "Não podemos manter negociações ou transações com os EUA, sem que tenhamos garantias" do fim da espionagem, declarou no início da tarde o presidente francês François Hollande. Hollande disse ter elementos suficientes para analisar o ocorrido e pediu que a espionagem "cesse imediatamente". Na parte da manhã, a porta-voz do governo Najat Vallaud-Belkacem classificou a suspeita de "extremamente preocupante". De acordo com ela, Paris exigiu explicações dos americanos.

Em comunicado assinado pela ministra das Relações Exteriores, Emma Bonnino, a Itália também pediu esclarecimentos, mas evitou endurecer o tom: "Estamos confiantes no fato de que todas as informações e garantias necessárias serão fornecidas dentro do espírito de colaboração e amizade que caracteriza as relações entre nossos países".

Pia Ahrenkilde-Hansen, porta-voz da chefe da diplomacia europeia, também minimizou a situação, ao afirmar que os escritórios da União Europeia em Nova York e Washington haviam trocado de endereço recentemente. Portanto, as acusações se referem a uma "situação antiga", ela garantiu. Mesmo assim, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, pediu uma auditoria completa da segurança da organização.

Para a diplomacia alemã, os Estados Unidos têm de "recuperar a confiança" de seus aliados europeus. O porta-voz da chanceler Angela Merkel, Steffen Seibert, se disse "chocado" com as revelações da Der Spiegel, mas pediu calma, já que "estas matérias (da imprensa) não são sempre fatos. Precisamos de totais esclarecimentos". De acordo com Seibert, "a Europa e os Estados Unidos são parceiros, amigos, aliados. A confiança deve ser a base de nossa colaboração".

Em uma cúpula em Brunei, a representante da diplomacia europeia Catherine Ashton pediu nesta segunda-feira ao secretário de Estado norte-americano John Kerry que a situação seja esclarecida o mais rapidamente possível. Ele prometeu investigar para descobrir "exatamente do que se trata". Mas deu a entender que os Estados Unidos não se retratarão, simplesmente: "cada país exerce várias atividades para proteger sua segurança nacional". Ele garante que isso não é novidade para ninguém.

Bruxelas não se surpreende com esta linha de defesa: "Os americanos querem responder 'vocês também fazem' e nos lembrar do comportamento dos britânicos durante uma cúpula do G20 em 2009", declarou um alto funcionário da Comissão Europeia.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.