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UE/Estados Unidos

Espionagem de diplomacia europeia pelos EUA é 'grande escândalo'

O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, declarou neste domingo que a espionagem de diplomatas e instituições europeias pelo programa americano Prism, revelada pela revista alemã Der Spiegel, "é um grande escândalo" que pode ter impacto nas relações entre os tradicionais aliados ocidentais. A União Europeia aguarda explicações dos Estados Unidos.

O alemão Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu.
O alemão Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu. REUTERS
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A revelação da espionagem dos aliados europeus foi feita neste sábado pela revista alemã Der Spiegel, que teve acesso a um documento confidencial da Agência Nacional de Segurança (NSA) fornecido pelo ex-agente americano Edward Snowden. No documento da NSA, a União Europeia é designada como "alvo" do sistema de monitoramento das comunicações Prism, que infiltrou órgãos do executivo europeu em Bruxelas, incluindo o edifício do Conselho Europeu, onde os chefes de Estado têm linhas telefônicas seguras. Representações da União Europeia e da ONU nos Estados Unidos também foram espionadas.

Agentes do serviço secreto americano leram e-mails, documentos internos e instalaram aparelhos de escuta telefônica nos escritórios de diplomatas e representantes dos organismos europeus. Nada escapou aos olhos de Washington. O documento da NSA obtido pela Der Spiegel, datado de 2010, descreve os procedimentos recomendados para a espionagem dos aliados.

Essas revelações geram uma onda de indignação no bloco. Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, exige esclarecimentos Washington, acrescentando que o caso poderia ter um "sério impacto" nas relações bilaterais. A Comissão Europeia divulgou uma nota dizendo que encaminhou um pedido de esclarecimento ao governo americano e está aguardando a resposta.

O eurodeputado Daniel Cohn-Bendit sugere aos europeus que rompam imediatamente as negociações sobre o tratado de livre comércio com os Estados Unidos, até a obtenção de um acordo com Washington sobre a proteção de dados confidenciais.

A ministra da Justiça alemã, Sabine Leutheusser-Schnarrenberge, divulgou um comunicado exigindo que "os Estados Unidos informem imediatamente e em detalhes se estas reportagens sobre escutas totalmente ilegais
são procedentes ou não".

O ministro das Relações Exteriores de Luxemburgo, Jean Asselborn, disse que "se esta informação é de fato
autêntica, é nojento". "Os Estados Unidos fariam melhor se monitorassem seu próprio serviço secreto em vez de espionar os serviços aliados. Devemos ter garantias, no mais alto nível, de que tudo isso acabou", acrescentou o ministro.

O escândalo atual não é o primeiro caso deste tipo: em 2003, as autoridades de segurança em Bruxelas já haviam descoberto dispositivos de escuta nos gabinetes de vários estados-membros.

Quinta-feira passada, o diretor da NSA justificou o sistema de vigilância de comunicações americano como um instrumento necessário de luta contra o terrorismo. Desde 2001, esse monitoramento teria desmantelado 54 operações terroristas e levou a muitas prisões ao redor do mundo. Agora, Washington terá de explicar em que medida as conversas dos chefes de Estado europeus seriam uma ameaça para a segurança americana.

Pressão sobre o Equador

Edward Snowden está há quase uma semana na área de trânsito do aeroporto de Moscou, esperando a resposta do Equador para seu pedido de asilo político. No entanto, o governo equatoriano parece menos inclinado a acolher o ex-consultor de informática. Ontem, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou com o líder equatoriano Rafael Correa por telefone para dissuadi-lo da ideia. Depois da conversa, Correa admitiu que está reavaliando o caso.

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