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Noruega / Massacre

Advogado de atirador recusa internamento e pede pena "clemente"

O veredito do norueguês Anders Behring Breivik, julgado pela morte de 77 pessoas no ano passado, será anunciado no dia 24 de agosto. No último dia de audiência em Oslo, a defesa do atirador insistiu para que ele seja reconhecido mentalmente são e portanto responsável do ponto de vista penal, a fim de evitar um internamento psiquiátrico, mas também pediu a pena "mais clemente possível".

O norueguês Anders Breivik durante a última audiência de seu julgamento no tribunal de Oslo, nesta sexta-feira.
O norueguês Anders Breivik durante a última audiência de seu julgamento no tribunal de Oslo, nesta sexta-feira. REUTERS/Heiko Junge/NTB Scanpix/Pool
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Ao final de um discurso de duas horas e meia na última audiência do processo, o advogado Geir Lippestad pediu que o tribunal não siga a recomendação da promotoria, que na quinta-feira preconizou o internamento psiquiátrico.

Por mera formalidade, Lippestad também pediu a absolvição do extremista de direita - um pedido pouco realista mas incontornável já que o réu se declarou não culpado - ou então a pena de prisão "mais clemente possível".

Esse trecho do discurso causou uma situação desconcertante pois o advogado omitiu o pedido formal de absolvição, o que provocou uma reação agitada de Breivik. Foi somente em resposta a uma questão da juíza Wenche Elizabeth Arntzen que ele finalmente confirmou esse pedido.

Durante a manhã desta sexta-feira,  Lippestad dedicou o essencial de seu discurso para tentar provar que o extremista de 33 anos não tem problemas psicológicos e é penalmente responsável pelos ataques de 22 de julho.

Há exatos onze meses, Breivik atirou contra dezenas de jovens do movimento trabalhista reunidos na ilha de Utoya, matando 69 pessoas, em sua maioria adolescentes. Um pouco antes ele já havia explodido uma bomba perto da sede do governo em Oslo, deixando oito vítimas.

Ideologia

Julgando esses ataques "atrozes mas necessários" para proteger a Noruega contra o multiculturalismo e a "invasão muçulmana", Breivik reconhece os fatos mas não se declara culpado.

Considerado psicótico em uma primeira perícia que foi contradita por um segundo exame, ele faz questão de ser declarado reponsável penalmente para que sua ideologia não seja invalidada por uma patologia mental.

O advogado do atirador de 33 anos enfatizou que as opiniões extremas de seu cliente não são "ideias delirantes" que indicam uma doença, como concluíram os autores da primeira perícia, mas sim a expressão de uma ideologia compartilhada por outros.

Depois do discurso da defesa, cinco testemunhas deram seus depoimentos, contando como perderam pessoas próximas nos ataques de 22 de julho.

Por sua vez, o acusado tomou a palavra para fazer suas declarações finais, o que provocou a saída de dezenas de membros do público, famílias das vítimas e sobreviventes do massacre.

"Estamos todos de acordo que o 22 de julho foi uma ação bárbara", reconheceu Breivik. Ele fez um discurso ideológico, lamentando a perda de valores desde a Segunda Guerra Mundial e a revolução sexual em detrimento da família tradicional. "O modelo democrático europeu não funciona mais. É preciso mudar radicalmente de direção", disse ele.

Em seguida a corte suspendeu a sessão para deliberações até o dia 24 de agosto.
 

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