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Grã-Bretanha/News of the World

Premiê britânico nega acordo de seu partido com magnata Murdoch

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, convocado pela justiça para explicar suas relações com o grupo Murdoch, desmentiu nesta quinta-feira qualquer acordo entre seu partido e o veículo de imprensa. O chefe de governo negou qualquer tipo de envolvimento mesmo com a divulgação durante a audiência de uma mensagem revelando sua proximidade com uma executiva do grupo.

David Cameron, premiê britânico, chega à Corte Suprema de Londres nesta quinta-feira.
David Cameron, premiê britânico, chega à Corte Suprema de Londres nesta quinta-feira. REUTERS/Olivia Harris
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O chefe de governo britânico compareceu na manhã de hoje diante da comissão Leveson que investiga a ética das empresas de comunicação, criada pelo próprio Cameron no ano passado para investigar o escândalo das escutas telefônicas envolvendo uma empresa do grupo Murdoch.

O depoimento do primeiro-ministro durou cerca de 6 horas e foi transmitido ao vivo pela televisão. Cameron qualificou de “absurdas”, as acusações de acordos explícitos entre o Partido Conservador e o magnata Murdoch que seria poupado em troca de uma ampla cobertura midiática favorável nos jornais do grupo à sua candidatura durante a campanha eleitoral de 2010.

"Não dou crédito algim à teoria de um acordo secreto", disse o primeiro-ministro que reconheceu, no entanto, que as relações entre a imprensa britânica e o poder são “estreitas demais” e que é preciso “um pouco mais de distância”.

A declaração foi vista como uma confissão do chefe de governo, especialmente após a divulgação de uma prova de sua proximidade com Rebekah Brooks, a ex-diretora da divisão News International que controla os jornais britânicos.

Em 2009, Rebekah enviou uma mensagem de apoio a Cameron, na época líder da oposição, poucas horas antes de um discurso que ele deveria fazer no congresso de seu partido.

“ Apoio você totalmente”, escreveu Rebeka, “não apenas porque somos amigos, mas também porque, profissionalmente, estamos no mesmo barco”.

A diretora o convidou para um jantar para discutir um assunto relacionado ao Times, um dos jornais de Murdoch.

No início de maio, Rebekah Brooks, que foi duas vezes detida no escândalo de escutas ilegais, contou que Cameron assinava “lots of love” (com muito amor, em tradução livre) nas mensagens de apoio que enviava a ela  na época em que o caso das escutas clandestinas veio à tona.

David Cameron também se esforçou para justificar a contratação de um ex-redator-chefe do jornal News of the World, o tablóide no centro do escândalo, como responsável pela sua comunicação. Diante da repercussão do caso, Andy Coulson foi obrigado a se demitir;

Rupert Murdoch, proprietário do News of the World decidiu fechar definitivamente o jornal, acusado de ter ouvido mais de 800 pessoas através de escutas telefônicas ilegais. O método foi amplamente usado pelo jornal para conseguir reportagens exclusivas.

Mas o assunto mais delicado envolvendo o primeiro-ministro foi uma negociação mal sucedida de compra de um grupo de canais de tevê à cabo pela empresa de Murdoch. O premiê foi acusado por testemunhas de ter confiado o assunto ao ministro Jeremy Hunt, que todos sabiam ser favorável ao magnata Murdoch.

A audição de Cameron é a última de uma semana onde dois ex-chefes de gonverno também foram ouvidos, Gordon Brown e John Major, que contradisse as declarações do empresário.

Diante da comissão, Rupert Murdoch garantiu nunca ter pedido algum tipo de favorecimento ao governo. Segundo John Major, em 1997, meses antes das eleições legislativas, o magnata das comunicações prometeu seu apoio se o político mudasse sua política europeia.

 

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