Parlamentares britânicos concluem que Murdoch fez “vista grossa” sobre escutas ilegais

A comissão parlamentar britânica divulgou nessa terça-feira as conclusões do relatório sobre o escândalo das escutas ilegais envolvendo o tabloide News of the World, de Rupert Murdoch. O documento constata que o magnata fez “vistas grossas” sobre os episódios de espionagem em sua empresa e que não estaria apto para dirigir um grande grupo internacional.

Rupert Murdoch foi considerado inapto a dirigir um grupo internacional. REUTERS/Kevin Lamarque/files

Depois de mais de nove meses de investigações sobre o escândalo das escutas telefônicas usadas pelo jornal News of the World (NotW), a Comissão de Cultura e Meios de Comunicação do parlamento britânico divulgou as conclusões de sua enquete. "Rupert Murdoch não tomou as medidas necessárias para informar-se plenamente sobre as escutas telefônicas, fez vista grossa (...) sobre o que acontecia em suas empresas e publicações", relata o documento de 121 páginas. "Concluímos, portanto, que Rupert Murdoch não é uma pessoa digna de dirigir uma grande companhia”.

A participação de James, o filho de Murdoch e sucessor do empresário, também foi abordada. Segundo a comissão, o herdeiro ignorou “voluntariamente” o que estava acontecendo, o que levanta “claramente o problema de sua competência”.

Os parlamentares concluíram que o News of the World e o News International (que reúne os jornais do grupo de Murdoch) “enganaram a comissão”. Acusado de ter colocado, nos anos 2000, cerca de 800 pessoas sob escutas telefônicas ilegais para obter informações secretas, o NotW fechou suas porta no ano passado quando o escândalo foi descoberto. Na época, Murdoch e seu filho afirmaram que não conheciam todo o esquema e que pensavam que a prática era usada apenas por um de seus jornalistas.

Os deputados devem agora decidir quais sanções serão impostas aos responsáveis. No entanto, Rupert Murdoch, de 81 anos, não deve ser alvo de nenhuma punição direta, já que apenas a participação dos dirigentes do NotW está sendo julgada, e não a responsabilidade individual do magnata. Mas esse relatório é apenas uma etapa no julgamento de escândalo. Uma investigação da polícia já está em andamento e uma comissão independente também deve divulgar suas conclusões sobre o caso até o final do ano.