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Esporte em foco

Covid-19 acaba com a festa na edição 2020 do torneio de tênis de Roland Garros

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A quinta final da história de Roland Garros entre Novak Djokovic e Rafael Nadal neste domingo (11) foi praticamente a único evento habitual desta edição 2020 do Grand Slam francês. O torneio foi o símbolo do tênis em tempos do coronavírus, com equipes estressadas, arquibancadas vazias, chuva, frio e jogos noturnos.

Sofia Kenin, dos Estados Unidos, joga contra Danielle Collins, dos Estados Unidos, na partida das quartas-de-final do torneio de tênis French Open na quadra central Philippe Chatrier no estádio Roland Garros, em Paris, França, quarta-feira, 7 de outubro de 2020.
Sofia Kenin, dos Estados Unidos, joga contra Danielle Collins, dos Estados Unidos, na partida das quartas-de-final do torneio de tênis French Open na quadra central Philippe Chatrier no estádio Roland Garros, em Paris, França, quarta-feira, 7 de outubro de 2020. AP - Christophe Ena
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Roland Garros é o segundo Grand Slam da temporada e acontece tradicionalmente em maio e junho, no final da primavera na França. Infelizmente, o período coincidiu com a retomada da epidemia na França e, para evitar um cancelamento, com medidas ainda mais restritivas. O público foi reduzido a apenas mil pessoas por dia, 35 vezes menos do que normalmente, e, claro, com uso da máscara obrigatório.

Os jogadores tiveram que ficar isolados no hotel enquanto não jogavam e nem podiam sair do quarto para jantar fora. Além disso, a cada cinco dias tinham que realizar um teste para a Covid. Em caso de resultado positivo, o jogador estava eliminado. A situação gerou estresse, além de ser um momento desagradável, segundo o tenista brasileiro Bruno Soares, finalista nas duplas ao lado de Mate Pavic.

"O teste aqui foi muito duro. Muita gente reclamou também que foi machucado. Na última vez que fiz, fiquei com a cabeça doendo o dia inteiro. Exageraram um pouquinho na medida", afirmou o tenista brasileiro à RFI.

O tenista brasileiro Bruno Soares
O tenista brasileiro Bruno Soares RFI

 

Torneio de adaptação

Bruno Soares, que perdeu a final neste sábado (10) para dupla alemã Kevin Krawietz e Andreas Mies por dois sets a zero, parciais de 6/3 e 7/5, acha que este foi um Roland Garros de adaptação. Ele ressalta que as condições foram iguais para todo mundo.

“Foram condições diferentes das que a gente está acostumado em tempos normais, mas foram iguais para todo mudo. Coube a cada um fazer a sua adaptação. Obviamente é um público reduzido, mas querendo ou não, já dá uma atmosfera. Você escuta umas palmas e isso já traz pelo menos um clima diferente para o jogo, ao contrário de quando não tem ninguém”, relativiza Soares.

Arquibancadas vazias

É verdade que diferentemente do US Open, que aconteceu a portas fechadas, Roland Garros pode acolher um público mínimo. Mas em algumas partidas o silêncio era tal, que comentários de um jornalista de TV puderam ser ouvidos por todo mundo e incomodaram os jogadores.

Outros motivos de reclamação foram o frio e a chuva. Neste ano, Roland Garros inaugurou um sistema de iluminação que permitiu a realização de jogos noturnos e um teto retrátil para escapar da chuva. Mas com as baixas temperaturas da temporada, em algumas partidas noturnas, como na quarta de final entre Rafael Nadal e o italiano Jannik Sinner, que terminou com a vitória do espanhol à 1h30 de madrugada, os termômetros marcaram menos de 10°C.  

Rafael Nadal celebra vitória na semifinal de Roland Garros contra o argentino Diego Schwartzman, na sexta-feira 9 de outubro de 2020.
Rafael Nadal celebra vitória na semifinal de Roland Garros contra o argentino Diego Schwartzman, na sexta-feira 9 de outubro de 2020. REUTERS - CHARLES PLATIAU

O rei de Roland Garros, que disputou neste domingo (11) sua 13ª final no saibro parisiense, acha que esse foi, de todos os torneios que participou em Paris, o que reuniu condições mais negativas, em todos os sentidos. Mas para Nadal, o que mais fez falta nesta edição 2020 foi o clima de festa.

“O que faz mais falta é o clima de alegria. É o que gostamos, não só no tênis como na vida em geral. Tudo que acontece fora da quadra acaba tendo um impacto mínimo dentro da quadra. Não pudemos sair para jantar, tivermos que ficar no hotel, separados e afastados da rotina do tênis. Aceitamos essas coisas. Fez frio e as condições de jogo foram um pouco menos razoáveis, e na final não teremos este ano o clima de festa, com o público. Espero que possamos voltar a desfrutar disso rapidamente, mas parece que não é o que a situação indica, por enquanto”, declarou o espanhol à RFI.

Revelação francesa

As grandes surpresas deste torneio atípico de Roland Garros foram esportivas. Na categoria feminina o tênis mundial tem uma nova revelação, a polonesa Iga Swiatek que conquistou seu primeiro título na carreira. Entre os homens, a grande sensação foi o jovem francês Hugo Gaston, eliminado nas oitavas de final, mas que faz a França acreditar que tem um futuro campeão.

“Fiquei muito contente com o torneio que fiz. Claro que fiquei também decepcionado, mas muito orgulhoso. Fui eliminado no quinto set por 6 a três pelo Dominic Thiem que é um grande jogador. Não me arrependo. Sai do torneio com a cabeça erguida. O público me ajudou muito, me incentivou e sou grato por isso”, agradeceu Hugo Gaston, que pulou do 239° lugar no ranking da ATP para o 157°.

O jovem tenista francês Hugo Gaston, após sua vitória contra o suíço Stan Wawrinka, na terceira rodada de Roland Garros, em 2 de outubro de 2020.
O jovem tenista francês Hugo Gaston, após sua vitória contra o suíço Stan Wawrinka, na terceira rodada de Roland Garros, em 2 de outubro de 2020. AFP

Apesar de tudo, todos os tenistas que disputaram Roland Garros ficaram felizes de disputar o torneio. Eles sabem que vão ter que aceitar as novas regras sanitárias para continuar jogando, enquanto a pandemia não for controlada. A tendência é inclusive que o Aberto da Austrália, que acontece em janeiro, seja realizado a portas fechadas.

 

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