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Quais são os principais desafios econômicos de Lula após Bolsonaro?

A economia do país é a maior prioridade citada pelos eleitores, que após a pandemia e o desemprego gerado pela crise sanitária, enfrentam a alta dos preços que parece fora de controle. A ação precoce do Banco Central, ajustes pontuais no Orçamento da União e a suspensão de taxas aplicadas nos hidrocarbonetos ajudaram a diminuir a pressão da inflação, em queda desde abril, mas ela continua avaliada em 7%.  

A pandemia aumentou a pobreza extrema no Brasil e 15% da população vive atualmente em insegurança alimentar
A pandemia aumentou a pobreza extrema no Brasil e 15% da população vive atualmente em insegurança alimentar AFP - MAURO PIMENTEL
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Dominique Baillard, editora de Economia da RFI

A alimentação continua sendo a maior preocupação para 15% dos brasileiros em situação de insegurança alimentar - em 2010, quando Lula deixou o poder, apenas 4% da população se encontrava nessa situação.

O presidente eleito prometeu reforçar as ajudas sociais instituídas pelo governo Bolsonaro e encerrar uma parte das dívidas acumuladas durante a pandemia. Um de seus desafios será a retomada do crescimento e a redistribuição da renda - o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo.

Antes do aparecimento da Covid-19, a economia brasileira já estava estagnada, impedindo a distribuição de riquezas. Seu crescimento anual é 0,3% em média há 10 anos - metade do ritmo estimado de crescimento da população.

A desigualdade social, que recuou durante a presidência de Lula, nos anos 2000, também explodiu na última década, entre ricos e pobres, mas também entre o Sul e o Norte. Os moradores do Nordeste ganham duas vezes menos do que no Sudeste, e estão duas vezes mais expostos ao desemprego, que também atinge mais mulheres e negros do que homens brancos.

Brasil não poderá contar com a explosão do preço das commodities em plano de retomada econômica
Brasil não poderá contar com a explosão do preço das commodities em plano de retomada econômica AFP - NELSON ALMEIDA

Qual é a política preconizada para reduzir as desigualdades e melhorar o crescimento?

Melhorar a educação, reformar o Estado e torná-lo mais eficaz, além da realização de uma reforma tributária para facilitar os investimentos, são temas que foram ignorados durante a campanha.

Lula falou sobre seus mandatos precedentes, sinônimo de prosperidade e o único período no país onde as desigualdades diminuíram. Mas, desta vez, o novo chefe de Estado não poderá aplicar medidas similares. O Brasil está bem mais endividado, a margem de manobra orçamentária atual é mais limitada e o contexto mundial diferente. O Brasil não pode mais contar, em 2022, com a alta do preço das commodities.

A força econômica do Brasil continua concentrada em seus recusos naturais e a indústria está em declínio há 30 anos. O agronegócio, que tinha o apoio total da política de Jair Bolsonaro, os minerais e o petróleo continuam sendo os motores do comércio exterior e, por isso, um dos desafios de Lula será o de reorientar a economia para atividades que remuneram mais e criam empregos. Isso é uma necessidade.

Para isso, é preciso atrair investidores e proteger o meio ambiente e a Floresta Amazônica, como prometeu Lula. O presidente eleito também deverá reconciliar o país para poder governar: o sistema político brasileiro é um dos principais freios às mudanças, já que os governos estaduais e o Congresso  podem bloquear projetos do Executivo.

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