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G20/Paris

G20 se reúne em Paris dividido

Os ministros das Finanças e os presidentes dos Bancos Centrais do G20, grupo formado pelas maiores economias do mundo, se reúnem a partir de hoje em Paris para discutir reformas no sistema financeiro mundial. Ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, participa do encontro e vai defender as posições do Brasil que é contra propostas como o controle de preços de produtos agrícolas.

O G20 se reúne pela primeira vez sobre presidência francesa em Paris nos dias 18 e 19 de fevereiro de 2011.
O G20 se reúne pela primeira vez sobre presidência francesa em Paris nos dias 18 e 19 de fevereiro de 2011. REUTERS/Charles Platiau
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Esta é a primeira reunião do grupo este ano. No encontro de dois dias, os países ricos e emergentes vão discutir as cinco prioridades estabelecidas pela presidência francesa do bloco: regulação financeira, desequilíbrios mundiais, reforma do sistema monetário internacional, luta contra a volatilidade dos preços das matérias-primas e governança mundial.

O ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, chegou ontem a Paris, mas não quis falar à imprensa. Ele afirmou somente que as perspectivas para a cúpula do G20 eram boas. Mantega participa nesta sexta-feira, às 14h30, horário local, 11 horas e 30 minutos, horário de Brasília, de uma reunião com os BRICS, grupo que reúne, além do Brasil, Rússia, Índia e China.

O encontro dos BRICS, atualmente presidido pela China, está sendo chamado pela imprensa francesa de contra-cúpula. Na pauta das discussões, a reforma do sistema monetário internacional e os preparativos para a próxima cúpula do bloco, que acontece em abril, na China. A reunião acontece no Hotel Intercontinental, no centro de Paris.

Reunião do G20

Os países do G20 se sentam à mesa de negociações divididos. O Brasil já afirmou que não vai aceitar nenhuma proposta para regular o preço das commodities agrícolas, como sugeriu recentemente o presidente francês Nicolas Sarkozy. Para lutar contra a alta dos preços, o Brasil defende o aumento da produção. Diante da oposição do governo brasileiro, a França voltou atrás e tentou nos últimos dias tranquilizar o Brasil.

A ministra francesa da Economia, Christine Lagarde chegou a mandar essa semana um recado direto para os "amigos brasileiros", dizendo que a França não vai administrar preços. Ela reiterou, no entanto, que vai apresentar na reunião do G20 proposta para a regulação das transações de produtos financeiros derivativos das commodities e cobrou transparência dos países com relação aos estoques de alimentos.

Os desequilíbrios monetários e a guerra cambial entre Estados Unidos e China também estarão na pauta das discussões. O Brasil já indicou que está tão preocupado com a depreciação da moeda chinesa, o yuan, quanto com a desvalorização do dólar.

Guerra cambial

A China é acusada de manter artificialmente desvalorizada sua moeda para favorecer as exportações dos pais. Já os Estados Unidos injetam dinheiro na economia para conter a apreciação da moeda norte-americana e fazer um contra peso ao yuan.

No Brasil, a tendência de baixa do dólar foi agravada pela forte entrada de recursos estrangeiros na economia. No ano passado, o governo brasileiro chegou a elevar a taxação sobre esse fluxo para abrandar a valorização do real e proteger as exportações brasileiras.

Mas norte-americanos e os chineses não são os únicos que estão no banco dos acusados. Relatório do FMI que será apresentado durante a reunião do G20 também estima que as taxas reais de câmbio de diversos países emergentes, entre eles Brasil e Argentina, «parecem consideravelmente super valorizadas».

Desequilíbrios econômicos

Outro ponto de divergências aqui em Paris é a definição de indicadores econômicos para medir os desequilíbrios nas economias. Cinco critérios possíveis já foram identificados: saldo de conta corrente, taxas reais de câmbio, reservas de câmbio, poupança privada e dívida pública. Mas países como Alemanha e China, primeiros exportadores mundiais, vêem com maus olhos incluir na lista o saldo de conta corrente, que também registra as entradas e saídas de bens e serviços.

O Brasil também vê com restrições a proposta da França e Alemanha de criar normas para a acumulação de reservas internacionais. A reunião dos ministros das Finanças e os presidentes dos Bancos Centrais do G20 começa no final desta tarde, horário local, quando o presidente Nicolas Sarkozy recebe os participantes do encontro no Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa, e será encerrada amanhã, sábado.
 

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