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Greta Thunberg lança livro co-escrito com especialistas sobre desafios da crise climática

A ativista pelo clima Greta Thunberg lançou, nesta quinta-feira (27), “The Climate Book” (Allen Lane, 2022), que será publicado no Brasil em 2023 pela Companhia das Letras, sob o título “O Livro do Clima”. A obra dirigida pela jovem sueca conta com a participação de grandes nomes da ciência do clima, jornalistas e militantes com o objetivo de explicar a crise climática e também propor soluções. 

A capa da versão em inglês do livro "Grande livro do clima", dirigido por Greta Thunberg, em uma vitrine em Londres, em 27 de outubro de 2022.
A capa da versão em inglês do livro "Grande livro do clima", dirigido por Greta Thunberg, em uma vitrine em Londres, em 27 de outubro de 2022. AFP - JUSTIN TALLIS
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“Para resolver um problema, primeiro é necessário entendê-lo”. Com essa frase Greta Thunberg introduz o livro e destaca a ideia central da obra: a necessidade de transmitir conhecimentos sobre as mudanças climáticas e a crença de que isso levaria a mudanças de comportamento.

Desde o começo de sua militância, a jovem defende que é preciso ouvir os cientistas. Dessa vez, ela e os editores do livro decidiram dar voz aos especialistas.

A obra se divide em capítulos que têm claramente um objetivo pedagógico: “Como funciona o clima”, “O planeta muda sob nossos olhos”, “Quais impactos na humanidade” e “O que é preciso fazer agora”. Com a ajuda de gráficos, eles desenham um quadro geral do fenômeno, da física até a economia, para chegar a uma visão do estado da ciência do clima hoje, que nos expõe a dimensão do desafio que temos pela frente, muitas vezes subestimada.

Contribuições

Para narrar a história de um assunto tão complexo, Thunberg conta com a ajuda de nomes como o professor de Geociências e Relações Internacionais da Universidade de Princeton, Michael Oppenheimer, que consegue resumir, em poucas páginas, como o problema deixou de ser uma curiosidade científica para se transformar em urgência política, desde sua descoberta pelo químico sueco Svante Arrhenius, em 1896, até os dias atuais.

Além dele, participam a bióloga Beth Shapiro, o especialista nos impactos das mudanças climáticas na saúde, Samuel Myers, a historiadora da ciência Naomi Oreskes e o grande climatologista americano Michael Mann. A obra também conta com capítulos escritos por figuras midiáticas como o jornalista científico americano Peter Brannen, a escritora canadense e ativista ambiental Margareth Atwood e a jornalista ambiental e prêmio Pulitzer Elizabeth Kolbert.

“Os editores e Greta Thunberg quiseram reunir contribuições de um grupo de especialistas, cientistas, atores do clima para ter um panorama o mais amplo possível da questão para informar, para acelerar. Porque não estamos indo suficientemente rápido em relação à aceleração do aquecimento do clima, como vemos em todas as partes do mundo”, diz o economista francês e co-autor do livro, Lucas Chancel. Ele escreveu o capítulo “Não existe transição sem redistribuição”, conjuntamente com o economista Thomas Piketty.

 “Precisamos continuar a compreender os problemas, os pontos de bloqueio. Precisamos de mais trabalho, de mais pesquisa para continuar a ver onde podemos abrir estes bloqueios”, disse Chancel, em entrevista à RFI.

Justiça

“Eu acho que uma das principais travas hoje é a questão da justiça na transição”, diz. “Tem muitas coisas que sabemos já e, às vezes, existe também uma forma de cegueira diante das informações existentes”, afirma.

Para ele, a comunicação sobre o assunto é primordial. “Quanto mais o problema é citado na mídia, nas discussões, mais vamos ter ferramentas para progredir”, diz.

Ele explica que o livro também trata a questão das políticas públicas necessárias. “Todos os seres humanos contribuem para as mudanças climáticas atualmente, mas não da mesma maneira. Você tem 10% da população mundial que contribui com aproximadamente metade do problema climático. A questão é: como conseguimos envolver na transição (para um modelo sustentável) o essencial da população?”, questiona.

“Todos teremos que fazer esforços. Mas estes esforços não devem ser feitos da mesma maneira por todos”, diz. Chancel explica que alguns poluidores estão muito restritos em sua capacidade de agir. “Eu penso nas classes populares e em uma parte da classe média”, que têm mais dificuldade de fazer investimentos para adaptar suas moradias, por exemplo, para produzirem menos CO2.

Taxas

“Eu acredito que atualmente não ajudamos estas pessoas”, afirma. Defensor de um imposto sobre as emissões de carbono, Chancel acredita que as taxas são ferramentas úteis para acelerar a transição ecológica. “Permitiremos à sociedade acelerar sobre estas questões usando as possibilidades dos mais ricos. Ferramentas que já conhecemos como a fiscalidade podem ajudar”, argumenta.

Mas se a militante e os co-autores participantes têm o objetivo de compartilhar o conhecimento o preço do livro poderia ser empecilho para que a mensagem alcançasse um grande número de pessoas. Na França, a versão impressa está sendo vendida pela internet por €32, aproximadamente R$ 170.

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