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Festival de Avignon desafia pandemia e retoma maratona do teatro mundial

Começa nessa segunda-feira (5) a 75ª edição do Festival de Avignon, uma das maiores manifestações culturais do mundo dedicadas ao teatro. Após ter sido cancelado em 2020 por causa da pandemia de Covid-19, o evento realizado no sudeste da França tenta voltar a seu ritmo normal, apesar das restrições sanitárias. Uma das principais companhias previstas na programação principal teve que cancelar sua participação na véspera da inauguração após um foco de coronavírus na trupe.

O Palácio dos Papas acolhe o palco principal do Festival de Avignon
O Palácio dos Papas acolhe o palco principal do Festival de Avignon © Christophe RAYNAUD DE LAGE Christophe Raynaud de Lage / Festival d'Avignon
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Silvano Mendes, enviado especial a Avignon

Durante os próximos 20 dias, Avignon volta a ser a capital mundial do teatro. Mais de 40 espetáculos são previstos na programação oficial do festival, enquanto no Avignon Off, mais de 1000 espetáculos, com companhias vindas do mundo todo, devem transformar a cidade de menos de 100 mil habitantes, cuja população é multiplicada por dez durante o evento.

Mas esse ano o festival será menos internacional, com uma maioria de companhias europeias, já que a sombra da pandemia ainda paira sobre esta edição e torna as viagens mais difíceis, tanto para as trupes como para o público. Prova disso, o cancelamento de última hora do espetáculo “Le Sacrifice” (O Sacrifício), da coreógrafa sul-africana Dada Masilo, que fazia parte da programação principal. Segundo informaram os organizadores do festival na noite deste domingo (4), véspera do pontapé inicial do evento, a companhia não pode deixar a África do Sul pois vários de seus membros testaram positivo para a Covid-19 pouco antes de embarcar.

Dada Masilo, famosa por misturar dança africana com clássicos do balé, era um dos nomes mais esperados. Ela iria apresentar uma releitura da “Sagração da Primavera”, de Nijinski.

Medidas sanitárias

Até agora, esse foi o único cancelamento de peso, o que deixa os organizadores otimistas. Além disso, após meses de incerteza, com o risco de restrições quanto ao limite de espectadores nas salas, as autoridades finalmente liberaram, em 24 de junho, que os teatros tivessem 100% de seus lugares ocupados.

No entanto, algumas medidas sanitárias foram mantidas. Para entrar no Palácio dos Papas, onde são encenadas as principais obras, o público terá que apresentar um certificado de vacina ou um teste PCR recente. Um centro de testagem e vacinação temporário também será inaugurado nesta segunda-feira.

Além disso, ao contrário do resto do país, onde o uso de máscaras de proteção foi praticamente abolido em espaços abertos, o acessório será obrigatório nas ruas estreitas da cidade fortificada, conhecida por ter sido a residência dos papas católicos entre os anos 1.309 e 1.377.

Sotaque lusófono

Nos palcos, os principais destaques terão este ano sotaques lusófonos na direção. A brasileira Christiane Jatahy, celebrada na França e figurinha carimbada do Festival de Avignon, leva aos palcos “Entre chien et loup” (Crepúsculo em tradução literal), uma adaptação do filme “Dogville”, de Lars von Trier. A diretora, primeira e única brasileira a encenar uma peça na reputada Comédie Française em 2017, aborda com esse espetáculo a questão da aceitação das diferenças e o risco dos extremismos. "O Brasil é o exemplo mais claro disso, mas é um risco que corremos no mundo inteiro", declarou Jatahy à RFI pouco antes do começo do festival.

Mas o principal destaque deste ano é assinado pelo dramaturgo português Tiago Rodrigues, que adapta o clássico de Anton Tchekhov, “O Jardim das Cerejeiras”. A peça é interpretada por uma trupe internacional, com a estrela francesa Isabelle Huppert no papel principal. A atuação da atriz no teatro do Palácio dos Papas, construção emblemática, entre fortaleza e palácio da Idade Média, é um dos momentos mais esperados desse início de Festival de Avignon, que vai até 25 de julho.

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