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Brasil-Mundo

Atores resgatam a magia da contação de histórias para crianças brasileiras ao redor do mundo

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Sabe aquele momento em que a vovó começa a contar histórias para os netos e faz com que eles viajem pelo mundo da imaginação? Essa foi a inspiração do casal de atores Bia Borinn e Eduardo Munniz para a criação do podcast “História de Boca”. Eles, que moram em Los Angeles, longe dos avós dos pequenos Miguel e Matteo, resolveram juntar as lembranças com a fantasia e a necessidade de manter viva a língua materna, o português.

Os atores Bia Borinn e Eduardo Munniz resgatam a tradição da contação de histórias para crianças brasileiras no exterior por meio de poscasts.
Os atores Bia Borinn e Eduardo Munniz resgatam a tradição da contação de histórias para crianças brasileiras no exterior por meio de poscasts. © arquivo pessoal
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Cleide Klock, correspondente da RFI em Los Angeles

"Toda vez que Miguel ia jantar, quando ainda estávamos no Brasil, ele falava para a avó:  'conta uma história de boca', que significa contar uma história inventada. Pegamos emprestada essa expressão do Miguel, porque o próprio História de Boca é inventado, todo improvisado", conta Edu.

Com base na improvisação, o casal dá asas à imaginação de crianças de todo o mundo e seu podcast já registra acessos em 41 países. O primeiro episódio, "João e o Pé de Feijão", foi ao ar há pouco mais de um ano e, depois dele, outras 18 histórias passeiam entre lendas do folclore brasileiro, como Saci, Iara e Curupira, clássicos da literatura, como Pinóquio e Os Três Porquinhos, mas também dão espaço à atualidade, com edições que levam às crianças temas como a Covid-19, por exemplo.

"Para as crianças que moram fora, essas são histórias que elas já conhecem. Então, mesmo que o vocabulário delas [em português] seja menos extenso, vão entender a história", explica Bia.

O poder da Imaginação

Os atores apostam no poder da oralidade e também brincam com sotaques regionais brasileiros, os apresentando para as crianças que moram no exterior, e que muitas vezes não têm acesso a esse repertório. Pelas redes sociais, Edu e Bia recebem o retorno dos pequenos, que repetem as falas que ficaram registradas em suas memórias, além de pedirem as histórias que querem ouvir.

Já os pais relatam que os episódios fazem parte do café da manhã, almoço, das viagens e da hora de dormir. A intenção, por ser um podcast, só com áudio e sem imagens, é realmente de dar a esse público mirim o poder de imaginar sua própria versão, como se fazia antigamente.

"O podcast é uma mídia que ainda não foi muito apresentada para as crianças. A gente cresceu ouvindo rádio, não tinha Ipad, não tinha celular. Então eu lembro de o rádio ser muito presente. Agora para as crianças é tudo muito visual. Então cabe a nós, educadores, pais, cuidadores, apresentar essa mídia que é tão legal. Imagine: se a gente tem 19 histórias, e tem por exemplo mil crianças [nos ouvindo] no mundo, temos mil histórias diferentes, porque cada uma imagina de um jeito", destaca Bia.

Foco no Português

Mas essa não é a única iniciativa de Bia para promover a língua portuguesa. Há três anos ela fundou, com a também atriz Mariana Leite, a Brazilian Play and Learn. As duas são tutoras que ensinam o português como língua de herança, principalmente para filhos de brasileiros que moram em Los Angeles. Outra iniciativa da dupla é publicar lives pelas mídias sociais, contando histórias para os brasileirinhos pelo mundo.

"Muitas pessoas acham que é um processo natural, mas não é. Quando você mora no exterior, toda a influência da língua majoritária, que é a língua falada no país, faz uma pressão muito grande. Então é uma escolha consciente do pai e da mãe manter essa língua [materna], os laços com a cultura, com a família no Brasil, e se juntar com pessoas da mesma nacionalidade".

Bia ressalta que a iniciativa vai muito da oportunidade para as crianças de aprenderem gratuitamente um idioma, ela destaca que a atividade traz benefícios cognitivos, neurais e de correlação. Pesquisas da Universidade americana de Princeton confirmam que crianças bilíngues possuem maior domínio de autonomia e alteridade, convivem melhor com as diferenças e têm mais empatia, por se relacionarem com outras culturas.

Os episódios de “História de Boca” estão disponíveis em todas as plataformas de podcast.

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