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Grand Palais/Exposição

Grand Palais ressuscita Amadeo de Souza-Cardoso, o modernista esquecido

São caricaturas, desenhos, pinturas a óleo, colagens, escritos, distribuídos em dois andares do museu. O artista plástico português Amadeo de Souza-Cardoso caiu no anonimato ao deixar a vanguarda parisiense (1906-1914) e regressar à terra natal (1914-1918) onde morreu prematuramente aos 30 anos. 

"O Salto do Coelho" (1911), óleo sobre tela de Amadeo de Souza-Cardoso.
"O Salto do Coelho" (1911), óleo sobre tela de Amadeo de Souza-Cardoso. LC
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Uma das melhores coisas da vida é uma boa surpresa. Isso vale também para as artes, afinal, nada mais prazeiroso do que descobrir um pintor que caiu no esquecimento e hoje está sendo apontado como um dos nomes mais importantes do século XX. O português Amadeo de Souza-Cardoso foi classificado pelo historiador de arte americano Robert Loescher como "um dos segredos mais bem guardados do início do modernismo". Um segredo finalmente revelado pelo museu Grand Palais de Paris que, em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian de Lisboa, apresenta até o mês de julho uma exposição excepcional do artista.

Apesar de ter morrido aos 30 anos, vítima da epidemia de gripe espanhola, ele deixou uma obra prolífera marcada

"Cavaleiros" (1913), óleo sobre tela de Amadeo de Souza-Cardoso.
"Cavaleiros" (1913), óleo sobre tela de Amadeo de Souza-Cardoso. Centre Pompidou, Musée d'Art Moderne

por suas múltiplas e assumidas influências. Ele veio aos 19 anos estudar arte em Paris, onde ficou amigo do pintor italiano Amedeo Modigliani, do casal Sonia e Robert Delaunay, dos escultores Constantin Brancusi, romeno, e Alexander Archipenko, ucraniano. Esses encontros impactaram profundamente na sua criação, a ponto de confundirmos a autoria de alguns de seus óleos com os de seus amigos.

Exposição é passeio histórico do percurso de Souza-Cardoso

A curadora e historiadora de arte, Helena de Freitas, fala sobre a mostra, que inicia com uma série de caricaturas: "São 300 obras ao todo, contando com documentos. Temos 205 trabalhos dele, 12 telas de outros artistas aos quais se ligou intensamente, em termos pessoais e de trabalho", observa.

"A exposição é muito vasta e pretende mostrar toda a amplitude, diversidade e singularidade da sua obra e, sobretudo, apresentar uma parte desconhecida do trabalho, pois em 1914 ele vai para Manhufo, sua terra natal; lá ele desenvolveu uma criação que foi vista só em Portugal", explica Helena de Freitas.

A pluralidade é outra marca do artista, influenciado pelo cubismo, fauvismo, pelas rupturas com a arte tradicional e pelo vanguardismo. "Ele chegou a Paris em 1906, quando tudo começa. Picasso cria "Les Demoiselles d'Avignon" e se iniciam todos os processos de ruptura com a arte tradicional. Amadeo veio a Paris para estudar arquitetura e desistiu; rapidamente soube que o que queria, no fundo, era ser artista e acompanhar esses movimentos de vanguarda", analisa a curadora.

Opiniões de visitantes no Grand Palais

Maria Gomes veio de Lisboa especialmente para ver a exposição.
Maria Gomes veio de Lisboa especialmente para ver a exposição. LC

Durante a visita, encontrei a estudante de História da Arte, Maria Gomes, que veio especialmente de Lisboa: "Achei extraordinário porque a arte portuguesa ainda precisa ser conhecida, principalmente esses artistas que estiveram aqui em Paris e tiveram contato com o que se fazia de mais novo, na época. Podemos ver também que Souza-Cardoso teve muitas influências, mas o interessante é que ele também influenciou outros nomes importantes na época, então, isso é uma redescoberta ...", diz Maria, emocionada.

Já Marie-Ange, francesa aposentada, não gostou do que viu: " Eu não o conhecia e então vim para saber mais sobre ele. Eu percebi influências, então, me dizia: 'Isso me faz pensar em Soutine, isso me faz pensar em Picasso, ou em Braque...' não, não gostei, ele tem um pouco de cada artista mas não encontrou o seu próprio estilo...", ela reflete, ressaltando que, no entanto, apreciou muito a forma do artista usar as cores.

Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918) está em cartaz no Grand Palais de 20 de abril até 18 de julho de 2016.

Veja o vídeo da apresentação da mostra no Grand Palais:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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