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Israel pressiona e foto de líder palestino é retirada de leilão em Paris

Nos dias 12 e 13 de dezembro, o museu Palais de Tokyo, em Paris, expôs sem nenhum problema uma série de 40 capas do jornal Libération realizadas por artistas franceses e estrangeiros. Um mês depois, a mesma série foi para  leilão na sala Artcurial, perto da avenida Champs Elysées. Israel protestou diante da imagem de uma das capas, e a venda da obra foi anulada.

Capa do jornal "Libération" realizada pelo artista urbano francês Ernest Pignon-Ernest.
Capa do jornal "Libération" realizada pelo artista urbano francês Ernest Pignon-Ernest. Libération
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"Este retrato põe em leilão a imagem de um terrorista", alegou a embaixada de Israel na França, sobre o desenho do artista urbano francês Ernest Pignon-Ernest, considerando a obra ofensiva: no dia do enterro do ex-líder palestino Yasser Arafat, em 2004, Ernest desenhou o retrato do político e chefe militar palestino Marwan Barghouti, acompanhado pela frase: "Em 1980, quando desenhei Mandela, me disseram que era um terrorista".

Para Israel, o que estava sendo leiloado era um projeto terrorista com a sugestão que Barghouti seria um homem de paz, comparado a uma grande figura, reconhecida internacionalmente, que é Nelson Mandela.

A casa de leilões Artcurial decidiu retirar o trabalho, justificando "que o país está em estado de emergência e há o risco de perturbação da ordem pública".

O leilo será realizado no dia 27 de janeiro e todo o dinheiro arrecadado irá para a ONG Repórteres Sem Fronteiras, que luta pela liberdade da imprensa no mundo.

Reação do artista

"Eu não quis provocar ninguém com esta manchete", se defendeu Ernest Pignon-Ernest, alegando que a encomenda foi que os artistas reagissem à principal notícia do dia que, no caso, foi o enterro de Arafat. Para ele, o fato de Israel ter protestado, a ponto do seu trabalho ser retirado do catálogo da venda, acabou divulgado Barghouti, que não é muito conhecido e cujo desenho teria passado desapercebido, constata o criador.

O jornal Libération protestou contra a decisão de Artcurial de retirar o trabalho de Pignon-Ernest.

Marwan Barghouti

Figura emblemática da luta pela retirada total de Israel dos territórios ocupados em 1967, Marwan Barghouti tem 56 anos e é o antigo chefe do braço armado do Fatah. Ele está detido desde 2002 em uma prisão de segurança máxima em Israel, condenado a cinco penas de prisão perpétua pela morte de centenas de judeus e não-judeus.

 

 

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