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Brasilidade é tema de exposição em loja de departamento em Paris

Começou nesta quarta-feira (10) a exposição Le Brésil Rive Gauche, feita pela loja de departamento mais antiga de Paris, a Le Bon Marché. Em todos os cantos do emblemático grand magasin, que acolhe grandes marcas francesas, como Chanel, Louis Vuitton e Dior, é possível perceber que as estrelas da vez são verde e amarelas. Em cada um dos quatro andares da loja, mais de 120 marcas brasileiras, espalhadas em nichos e quiosques, mostram o que o país tem de melhor em moda, beleza, design e gastronomia.

Os produtos vintage das farmácias Granado, à venda na exposição
Os produtos vintage das farmácias Granado, à venda na exposição RFI/ M.Muniz
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Nos corredores do Le Bon Marché é possível ouvir burburinhos em português. São vendedores que, cuidadosamente, traduzem o conceito da cadeira elaborada por Índio da Costa ou explicam um dos modelos de sandália Melissa. São também os clientes, que pedem mais um "brigadeirrô", palavra deliciosa que se revela um verdadeiro trava-línguas para os não-iniciados. De acordo com a curadora de beleza e gastronomia da mostra, Helen Kupfer-Haas, foram praticamente dois anos de pesquisa para que a exposição tomasse forma. "Nós queríamos trazer um contraste entre o Brasil urbano, representado por São Paulo, e o Brasil descalço, que é a cara do Rio de Janeiro".

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Reportagem Le Bon Marché 10/04/13

Ana Luiza Queiroz, responsável pelo setor de moda da exposição, explica que, além dos clássicos brasileiros, como as sandálias Havaianas e Melissa, a intenção era trazer para a França uma nova leva de talentos e marcas nacionais. "Fizemos uma busca pela criatividade nascente que existe hoje no Brasil, que busca inspiração no DNA brasileiro, que olha para os nossos azulejos e nossas frutas e cria a partir daí", contou. Nas estamparias de Adriana Barra e no estilo despojado da Osklen a moda é uma janela para o abundante lifestyle brasileiro, cheio de natureza e cores. Mas na moda nacional, nada é a preço de banana: um vestido longo da Anunciação, por exemplo, não sai por menos de 475 €, cerca de R$1200.

Novidades na área

Diana Colette é franco-brasileira, e estava fazendo um tour pela loja para descobrir as novidades do país. "Eu estava ansiosa para ver a exposição e descobrir quem estaria lá, pois confesso que só conheço alguns designers, já que este é um campo que está crescendo muito no Brasil", disse. Os negócios, aliás, são outra aposta do Bon Marché: os brasileiros estão entre os cinco maiores consumidores da loja. Agradá-los, portanto, também é uma aposta de sucesso. "O Brasil é um dos países de maior evidência nos mercados consumidores atualmente, e nós fomos atrás do que há de mais atual, sofisticado e moderno", explica o diretor de marketing da loja, Guillaume Gellusseau.

A farmácia Granado, que desde os tempos do império perfuma os brasileiros e aposta num charme retrô, é sucesso de público. Mas os preços não deixam dúvidas de que estamos bem longe do Brasil : uma barra do sabonete de rosas, clássico dos clássicos da Phebo, não sai por menos de 3.50 euros, o equivalente a 9 reais. "A recepção da marca tem sido muito boa, desde o primeiro dia. As pessoas ficam encantadas com nossos produtos", revela Sissi Freeman, consultora de marketing da farmácia.

Moda, beleza, gastronomia e design. Nos stands das 120 marcas brasileiras há um pouco de tudo, para todos os públicos. Depois de comprar uma camisa da carioquíssima Osklen, Pierre Mossa ficou mesmo é com vontade de se jogar nas areias de Ipanema. "Agora estou procurando uma camisa florida e alguma coisa que dê para eu usar nas praias brasileiras muito em breve", disse o cliente, entusiasmado com a ideia de descobrir um pouco mais sobre o país tropical.

É o chamado efeito Brasil. "As pessoas entram aqui e imediatamente ficam de bom humor, mais leves e descontraídas", constatou a curadora Helen Kupfer-Haas, apostando numa brasilidade que pode ser adiquirida.

Mesa brasileira

No quiosque da chef paulista Heloísa Bacellar, a intenção é fazer o exigente paladar francês se render à autêntica comida caseira brasileira. Quem passou por lá pôde provar brigadeiro com castanha do pará, romeu e julieta e pão de queijo. "Estamos fazendo o maior sucesso, mostrando o que a cozinha brasileira tem de melhor, que são as coisas do nosso dia-a-dia", disse Heloísa, que no próximo 22 de abril vai comandar um atelier culinário no recanto gastronômico do Bon Marché, a Grand Épicérie de Paris.
Além de comidinhas que fazem viajar, a loja efêmera da chef, transportada da Vila Madalena, em São Paulo, mostra a casa brasileira. São xícaras de ágata, almofadas de chitão, jarras de plástico um tanto quanto kitsch, em forma de abacaxi. "Teremos que fazer reposição do estoque, só ontem um cliente levou seis [jarras]", conta Heloísa, que vende o mimo a 12 euros.

A mostra Le Brésil Rive Gauche fica em cartaz até 22 de junho no Le Bon Marché, em Paris.

 

Veja  fotos da exposição :

 

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