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Em Paris, uma exposição e uma série de concertos abordam a relação entre a música e as imagens cinematográficas. A sétima arte ajudou a popularizar obras-primas do repertório clássico. Um exemplo é a música de Richard Wagner, utilizada em inúmeros filmes. No ano de seu bicentenário, o compositor é homenageado em Berlim com a montagem do ciclo completo de "O Anel dos Nibelungos".

O compositor francês Alexandre Desplat (à esq.) ganhou este ano um prêmio César pela música de "Ferrugem e Osso", dirigido por Jacques Audiard (à dir.), com quem já trabalhou em vários filmes.
O compositor francês Alexandre Desplat (à esq.) ganhou este ano um prêmio César pela música de "Ferrugem e Osso", dirigido por Jacques Audiard (à dir.), com quem já trabalhou em vários filmes. Xavier Forcioli
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A mostra na Cité de la Musique derruba a barreira entre a música considerada erudita, ou mais séria, e a música composta especialmente para o cinema, muitas vezes menosprezada como um produto comercial.

Na verdade, existe um contínuo vaivém: se artistas reputados como Prokofiev ou Philipp Glass não hesitaram em criar trilhas sonoras, o cinema também ajudou a popularizar obras-primas do repertório clássico.

Um exemplo é "2001 - Uma Odisseia no Espaço". O filme de ficção científica do diretor Stanley Kubrick chamou a atenção em sua estreia em 1968 pelo uso inovador de composições de Richard Strauss e John Strauss II.

O percurso dessa exposição interativa segue as fases da criação de um filme, mostrando que a dimensão musical está presente do roteiro à pós-produção. O visitante pode escolher entre várias músicas para uma determinada cena e fazer a própria mixagem, combinando efeitos sonoros, diálogos e música. Além disso, a mostra examina algumas parcerias famosas, como a do cineasta Alfred Hitchcock com o compositor Bernard Hermann, ou ainda a colaboração entre o diretor Sergio Leone e Ennio Morricone.

"Música e cinema, o casamento do século?" fica em cartaz na capital francesa de 19 de março a 18 de agosto.

Até o final deste mês, a Cité de la Musique também abriga uma série de shows onde artistas, em sua maioria franceses, homenageiam ou reinterpretam músicas de filmes que fazem parte da memória coletiva. Em alguns dos espetáculos as imagens também entram em jogo, num diálogo dinâmico e poético com os sons.

No programa, o compositor inglês Michael Nyman, que já trabalhou com os cineastas Peter Greenway e Jane Campion, apresenta sua versão de acompanhamento para o clássico do cinema mudo O Encouraçado Potemkin, de Eisenstein.

Outro destaque é um espetáculo com as músicas e a participação especial de Alexandre Desplat, um dos compositores mais requisitados pelo cinema dos dois lados do Atlântico. Com três Césars, o maior prêmio do cinema francês, na prateleira, e cinco indicações ao Oscar no currículo, ele assinou recentemente a trilha sonora de "Argo",  "A Hora Mais Escura" e "Ferrugem e Osso".

Ópera

No ano do bicentenário de Richard Wagner, a capital alemã adere ao coro de homenagens apresentando o ciclo completo de "O Anel dos Nibelungos". A direção musical é do maestro Daniel Barenboim, grande especialista na obra do compositor.

Sua versão para a ópera "O Crepúsculo dos Deuses" estreou na cidade no começo deste mês, encerrando a tetralogia iniciada em 2010 e co-produzida pela Ópera Estatal de Berlim e pelo Teatro Alla Scala de Milão. O ciclo completo será apresentado de 23 a 31 de março, e depois mais duas vezes durante o mês de abril.

A música de Richard Wagner, aliás, também ganhou vida nova no cinema, como fonte de inspiração ou transposta diretamente da ópera para as telas. E isso desde os primórdios da sétima arte, quando já era usada para acompanhar filmes mudos. Os exemplos são muitos e incluem obras-primas de Luís Buñuel, Federico Fellini e Alfred Hitchcock. E quem consegue ouvir a "Cavalgada das Valquírias" sem pensar na impressionante cena dos helicópteros em "Apocalipse Now", de Francis Ford Coppola?
 

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