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Morte

Físico Stephen Hawking perde a sua última batalha

Poucos cientistas se tornam conhecidos mundialmente, o que não é o caso do britânico Stephen Hawking, o astrofísico mais popular do mundo depois de Albert Einstein. Ele morreu nesta quarta-feira (14), aos 76 anos.

Stephen Hawking em Londres em fevereiro de 2015.
Stephen Hawking em Londres em fevereiro de 2015. AFP PHOTO / JUSTIN TALLIS
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Considerado um dos cérebros mais brilhantes da história da humanidade - apesar de uma doença neuro-degenerativa diagnosticada nos anos 1990 - Hawking é o responsável por vulgarizar a cosmologia à milhões de pessoas. O livro "Uma Breve História do Tempo", de 1988, apresentou ao grande público noções da relatividade em física ou mecânica quântica e virou um bestseller, depois de permanecer 237 semanas na lista dos mais vendidos.

A história do cientista britânico poderia ter sido diferente, caso tivesse cedido à pressão dos pais, que gostariam que ele tivesse estudado medicina. Nascido em 8 de janeiro de 1942 em Oxford, filho de um biólogo com uma militante política, Hawking não foi um aluno excepcional na escola, mas sempre se mostrou apaixonado pela matemática.

No entanto, o curso de matemática ainda não era proposto pela Universidade de Oxford no final dos anos 50 e Hawking acabou optando pela física - área em que se tornou brilhante, especialmente nas aulas de termodinâmica, relatividade e mecânica quântica. Quando realizou seus exames acadêmicos finais, seu professor de física na época, Robert Berman, declarou que a banca foi "suficientemente sábia para notar que estavam diante de alguém mais inteligente que eles".

Ao conquistar seu diploma, em 1962, o jovem cientista começa a se dedicar à astronomia. Na mesma época, foram diagnosticados os primeiros sintomas da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), doença que destrói os neurônios motores - células nervosas responsáveis pelos movimentos do corpo.

Doença de Charcot

A metade das pessoas diagnosticadas com a ELA ou Doença de Charcot - como também é chamada - morre nos três anos após a aparição dos primeiros sintomas. Por isso Hawking rejeitou, inicialmente, a possibilidade de começar uma tese, temendo não poder conclui-la, mas, finalmente a progressão da doença se mostrou mais lenta do que se esperava. O ano de 1965 transformou a vida do astrofísico, que se casou com Jane Wilde, estudante do departamento de Línguas da universidade de Oxford, dando início a uma renomada carreira.

Depois de obter seu doutorado, ele começa a trabalhar com um conceito físico e astronômico ainda recente na época, as singularidades - que vai levá-lo, mais tarde, a aprofundar seus estudos sobre a questão do Big Bang e dos buracos negros. Pouco tempo depois, começam a chover prêmios e recompensas ao cientista, enquanto a doença evolui.

Em 1974, Hawking já não consegue mais caminhar ou se alimentar sozinho. Em 1985, ele perde completamente a habilidade da fala, depois de uma traqueostomia obrigatória devido a uma pneumonia.

Mas o astrofísico consegue continuar trabalhando quando Walt Woltoz, um engenheiro de informática da Califórnia, elabora um dispositivo para Hawking, já confinado a uma cadeira de rodas. Graças a esse sistema computadorizado de voz, o cientista segue fazendo conferências em todo o mundo. Quando perde o movimento das mãos, em 2001, é um mecanismo da Intel que lhe permite continuar se comunicando através de um sistema infravermelho. Desta forma, o britânico dá prosseguimento à publicação de seus livros, que lhe tornam um pop star mundial.

"Tratei de levar a vida mais normal possível e de não pensar na minha doença ou lamentar as coisas que não posso fazer, que não são tantas", escreveu em um de seus relatos.

Legado de um pop star

Hawking deixa como legado diversas teorias sobre os buracos negros. Ele também é autor de 14 livros. Além de "Uma Breve História do Tempo", "O Universo Numa Casca de Noz", de 2009, também se torna um grande sucesso nas livrarias.

Com Jane Hawking, o gênio teve três filhos. Separou-se em 1991 e se casou com a enfermeira Elaine Mason, de quem se divorciou em 2006. O cientista confessou certa vez que o único enigma que não conseguiu desvendar foram "as mulheres": "um mistério total", segundo ele.

O astrofísico prosseguiu trabalhando até o fim, sem perder sua curiosidade e humildade diante das revelações sobre as novas descobertas da ciência.

"Parece que acabo de perder US$ 100", admitiu em 2012, após a comprovação da existência do Bóson de Higgs - partícula que teoricamente surgiu após o Big Bang, predita pelo físico britânico Peter Higgs e considerada como o Santo Graal da cosmologia.

A vida de Stephen Hawking foi retratada no longa "A Teoria de Tudo", de James Marsh, de 2014. No filme, o britânico Eddie Redmayne interpreta o gênio - performance que lhe rendeu o Oscar de melhor ator.

 

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