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Saúde em dia

Aumento de casos de doenças sexuais alarma a França

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Uma pesquisa publicada recentemente na França, sobre o aumento do número de casos de doenças sexualmente transmissíveis no país, está alarmando a comunidade científica e o governo francês. E não é por menos, os números são bastante preocupantes.  

Em setembro de 2015 foi colocado no mercado francês um autoteste que permite a cada pessoa verificar, anonimamente, se é ou não portadora do vírus da aids.
Em setembro de 2015 foi colocado no mercado francês um autoteste que permite a cada pessoa verificar, anonimamente, se é ou não portadora do vírus da aids. BERTRAND GUAY / AFP
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Colaboração de Sarah Bazin

Segundo a agência de saúde Pública França, casos de sífilis, que tinham quase desaparecido, aumentaram em 50% entre 2012 e 2014, principalmente entre homens, e quase 4% da população feminina é portadora do vírus Clamídia. Mas o mais inquietante são os casos de Aids. Eles aumentaram em mais de 124% na população de jovens gays, que tem entre 15 e 24 anos de idade.

Para Michel Ohayon, diretor do primeiro centro de saúde sexual na França, O 190, o grande problema é que as pessoas não procuram saber se são ou não portadoras de algum vírus. Isso facilita a propagação de doenças, principalmente do HIV. “Hoje em dia, o verdadeiro drama é ser soropositivo e não saber, porque assim nós não podemos fazer nada por essas pessoas e isso é muito grave”, disse. “Mas se ela é soropositiva e sabe, nós podemos lhe proporcionar um tratamento de excelente qualidade e que, provavelmente, daqui a uns quinze anos possa levar à cura”, conclui.

Autotestes fazem sucesso

Em setembro de 2015, foi colocado no mercado francês um autoteste que permite a cada pessoa verificar, anonimamente, se é ou não portadora do vírus da Aids. O teste fez tanto sucesso que mais de 70 mil unidades desapareceram das prateleiras em menos de dois meses. Isso comprovaria que existe um interesse em conhecer a verdade. Esse caminho deveria ser incentivado, pois parte da população hesita em ser diagnosticada por um desconhecido.

Florence Lot, responsável pelo departamento de HIV do Instituto de Vigilância Sanitária da França, diz que o mais difícil é mudar o comportamento sexual da população, principalmente a de risco, que é a comunidade homossexual. “Nos damos conta que, efetivamente, na maioria das vezes, as relações sexuais por via anal não são protegidas com preservativos, mesmo com parceiros ocasionais”, disse. “As relações de sexo oral também são muito raramente protegidas e sabemos que esse é um modo muito comum de transmissão das doenças sexualmente transmissíveis”, completa.

A situação no Brasil

Já no Brasil, a situação é um pouco diferente. As autoridades de saúde conseguiram fazer com que o HIV tenha um crescimento estável no país. A RFI conversou com Sandra Wagner, pesquisadora do Instituto Nacional de Infectologia da FIOCRUZ. Ela afirma que essa estabilidade existe quando se refere à população geral do Brasil, em que a taxa de portadores do vírus é inferior a 1%.

Mas existe um forte crescimento em populações de maior vulnerabilidade, como a comunidade gay e pessoas que usam drogas injetáveis. Mas ela acredita que o Brasil está no caminho certo para diminuir esses índices.

“A gente acredita que agora, com a estratégia implementada pelo Brasil de testar e tratar, ou seja, identificar quem está positivo e oferecer tratamento para todos, a grande expectativa é que consigamos ter algum impacto maior em termos de novas infecções”, disse Wagner. “A gente sabe que, tratando o indivíduo positivo e conseguindo fazer com que ele tenha a carga do vírus suprimida, essa pessoa não vai mais transmitir”, conclui.

Campanhas são inadaptadas

Para Wagner, a dificuldade está em conscientizar a nova geração, que não viveu o período em que a Aids era uma doença mortal. Para ela, o governo precisa fazer mais ações direcionadas aos jovens, principalmente com o uso da internet, para que o crescimento no número de casos de HIV possa realmente diminuir no país.

No Brasil e na França, as autoridades concordam que as atuais campanhas de prevenção são inadaptadas. Para elas, os governos deveriam parar de gastar dinheiro com campanhas ineficientes voltadas ao público geral, e focar no real público alvo, que são as comunidades homossexuais.

 

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