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Jornal francês critica estratégia de Lula para resolver crise dos yanomamis

"A impotência de Lula diante do calvário dos yanomamis" é o título de uma matéria publicada pelo jornal Le Figaro desta quarta-feira (6). Segundo o diário, o presidente brasileiro tem dificuldades para resolver a crise vivida pela comunidade indígena, "dizimada pelas consequências do garimpo durante o governo de Jair Bolsonaro".

Manifestação pede justiça para o povo yanomami, em Brasília, 6 de maio de 2022.
Manifestação pede justiça para o povo yanomami, em Brasília, 6 de maio de 2022. AP - Eraldo Peres
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Há pouco mais de um ano, quando foi eleito, Lula estabeleceu o objetivo de resolver a trágica situação no território yanomami. No entanto, os problemas envolvendo o povo do norte da floresta amazônica continuam se agravando, afirma Le Figaro.

A reportagem do jornal cita o presidente da associação Urihi, Junior Hekurari Yanomami, que denuncia a situação sanitária enfrentada pela comunidade. Há inúmeros casos de malária, desnutrição, patologias contagiosas, além da fome. O motivo, ressalta a matéria, é o retorno dos garimpeiros ao território indígena, após uma diminuição da presença deles no primeiro semestre de 2023. 

Le Figaro apresenta números do próprio Ministério da Saúde do Brasil e indica que, entre janeiro e novembro do ano passado, 308 yanomamis morreram. Em 2022, 343 óbitos foram registrados na comunidade. Já os casos de malária explodiram, passando de 16 mil há dois anos para 25 mil em 2023.

O principal problema são os poços de água criados pelos garimpeiros, que atraem os mosquitos transmissores da doença, afirma a matéria. Além disso, a extração de minérios resulta também na contaminação dos rios e no desmatamento, privando os yanomamis de água e espaço para o cultivo.

Crise piorou durante governo Bolsonaro

A situação neste território indígena degringolou durante o mandato de Bolsonaro, "quando criminosos podiam contar não apenas com a negligência do governo, mas também eram encorajados", ressalta Le Figaro, citando informações de um relatório publicado em 2023 pelo Observatório do Clima. A situação foi classificada de "genocídio" por Lula, que decretou estado de emergência sanitária, fechou o espaço aéreo da região yanomami e lançou uma megaoperação com o apoio do Exército, Polícia Federal, do Ibama e da Funai.

Num primeiro momento, as medidas trouxeram resultados, e cerca de 80% entre os 20 mil garimpeiros deixaram o território indígena no primeiro semestre de 2023, mas um parte deles resistiu, "um grupo armado e capaz de grandes estragos", diz o geógrafo Estêvão Serra, do Instituto Socioambiental ao Figaro.

Em janeiro, Lula anunciou o desbloqueio de R$ 1,2 bilhão para a causa yanomami e prometeu vencer "a guerra contra o garimpo ilegal". No entanto, o diário é cético sobre essa possibilidade, lembrando que Lula foca no momento na melhoria das relações com os militares, próximos de Bolsonaro, liberando verbas para missões. Para Serra, o mais eficaz seria "repassar recursos a instituições interessadas" em resolver a crise dos yanomamis. 

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