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Imprensa destaca protestos de 'fanáticos' no Brasil, que dizem sair às ruas 'contra o comunismo'

Toda a mídia francesa segue atenta nesta quinta-feira (3) à sequência de incidentes golpistas relacionados ao resultado da eleição presidencial no Brasil. 

Manifestantes no Rio de Janeiro pediram intervenção militar durante protesto nesta quarta-feira (2).
Manifestantes no Rio de Janeiro pediram intervenção militar durante protesto nesta quarta-feira (2). AP - Bruna Prado
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O jornal Le Monde traz uma matéria sobre o pedido de militantes pró-Bolsonaro de uma intervenção militar. O diário relata as manifestações desta quarta-feira (2) no Brasil, por parte de bolsonaristas classificados de "fanáticos", que se reuniram diante de quartéis para apontar fraude no processo eleitoral que deu a vitória a Lula.

Lembrando o golpe de 1964, antecedido pelo movimento ultraconservador Marcha da Família Com Deus pela Liberdade, Le Monde afirma que, seis décadas depois, o Brasil não terá o mesmo destino. "Desde sua derrota, Bolsonaro perdeu o apoio da maior parte de seus aliados, tanto no Congresso quanto no setor econômico, de governadores, evangélicos, e até mesmo das Forças Armadas", sublinha. O diário destaca uma entrevista do general e vice-presidente Hamilton Mourão ao jornal O Globo, que reconhece que Bolsonaro perdeu as eleições e afirma: "não adianta mais chorar". 

O canal de TV France 24, que aborda o pedido de Bolsonaro para que manifestantes desbloqueiem as estradas. O presidente, no entanto, disse estar do lado dos militantes e que os protestos são "legítimos e bem-vindos". O canal lembra que o pronunciamento ocorreu após o reconhecimento da derrota para Lula, uma reação que demorou quase 48 para acontecer, e que incitou os bloqueios de estradas e atos golpistas em boa parte do país. 

A rádio francesa RTL destaca nesta manhã declarações de bolsonaristas durante os protestos de quarta-feira, que dizem que saíram às ruas para "lutar contra o comunismo". Para os militantes, todas as reações de Bolsonaro depois da derrota são estratégicas, e o presidente estaria reunindo provas de uma fraude eleitoral. Ao responder as perguntas da repórter da RTL enviada ao Rio de Janeiro, uma bolsonarista pesquisa informações compartilhadas em grupos pró-Bolsonaro no Whatsapp. 

Lula incita esperança

Já o jornal Libération traz a análise da historiadora francesa especialista em Brasil Maud Chirio, professora da Universidade Gustave Eiffel, que acredita que, apesar do movimento golpista, Lula traz esperanças para a maioria dos eleitores brasileiros que o elegeram. Ela afirma que o mundo observa incrédulo o apoio a Bolsonaro "depois dos 680 mil mortos pela Covid-19, o aumento de 80% do desmatamento da Amazônia, a volta da fome, a situação de pária diplomático, os discursos delirantes sobre projetos satânicos do comunismo, a militarização do Estado, as recorrentes ameaças sobre as instituições, a violência verbal como modo de governo, o uso industrial de fake news, as provas implacáveis do massivo sistema de corrupção que permitiu à família Bolsonaro se tornar multimilionária".

Para Chirio, Lula terá um desafio imenso para refundar a democracia e reunir o máximo de brasileiros nesse projeto comum. No entanto, em sua opinião, o momento é de comemoração do lado dos brasileiros democratas. A historiadora cita uma célébre canção de Chico Buarque, composta em 1978, durante a ditadura militar: "Apesar de você, amanhã há de ser outro dia".

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