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Após votar em São Bernardo, Lula promete pacificar o Brasil e dialogar com adversários

O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva votou nesta manhã em São Bernardo do Campo, berço político do candidato petista ao segundo turno das eleições deste domingo (30). Após o voto, Lula disse que "um dos seus sonhos” é "recompor a relação de paz entre os seres humanos brasileiros”.

Lula concedeu uma coletiva de imprensa na manhã deste domingo, depois de votar em São Bernardo do Campo.
Lula concedeu uma coletiva de imprensa na manhã deste domingo, depois de votar em São Bernardo do Campo. AP - Andre Penner
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Lúcia Müzell, enviada especial da RFI a São Bernardo do Campo

“Vai ter muita conversa com muita gente. Eu quero que as famílias voltem a conversar, quero que os vizinhos voltem a conversar. As pessoas não precisam pensar politicamente do mesmo jeito. Não têm que pensar a religião do mesmo jeito, não têm que gostar do mesmo time”, disse o candidato, em uma coletiva de imprensa improvisada na saída da sua seção de votação, na Escola Estadual Dr. João Firmino Correia de Araújo.

"Alguém pode ser bolsonarista, alguém pode ser lulista (…), pode ser de qualquer partido. Isso não pode mexer com a nossa relação pessoal, com a nossa relação familiar. E eu sei a quantidade de famílias que foram destruídas por esse ódio", afirmou o candidato, que escolheu uma roupa toda branca para a ocasião – cor que ele pretende usar na festa da vitória, se for eleito esta noite.

Incógnita sobre a transição

Lula acrescentou que "ninguém precisa abrir mão das suas convicções” para o restabelecimento do diálogo. De olho na transição de governo em caso de eleição ao Planalto, ele assegurou que pretende conversar "com os empresários, (…) com todas as forças políticas que me apoiaram e mesmo gente que não me apoiou, mas que são importantes na sociedade brasileira”.

“A gente nem sabe se o governo vai querer fazer transição”, comentou Lula, ao falar sobre  a importância de que o processo seja realizado com transparência e cooperação entre a sua equipe e a do governo atual. "Que seja um dia de paz, um dia tranquilo, e que depois todos nós, ao sabermos do resultado, respeitemos. Quem ganhar vai festejar, quem perder vai lamentar. Eu digo isso porque já perdi muitas eleições”, lembrou Lula. "Eu votei em mim muitas vezes e eu quero votar nos outros agora”, ressaltou, reafirmando que não pretende concorrer à reeleição em 2026, se for o vencedor do pleito deste domingo.

Viagem internacional após a eleição

O candidato também antecipou que quer fazer uma viagem para países considerados estratégicos para as relações com o Brasil, antes da eventual posse em 1° de janeiro de 2023. Nestes dois meses, planejaria ir a um país da América do Sul, aos Estados Unidos, à China, à União Europeia e “alguns países” dentro do bloco europeu, mas não citou quais.

"Tudo isso em dois meses antes da posse, e ainda montar governo e fazer transição. O tempo está muito, muito apertado. A única coisa que eu não posso é pedir para adiar a posse”, frisou Lula. "Se eu ganhar, quero tomar posse no dia 1° de janeiro porque em política não existe espaço vazio."

A diplomacia do seu futuro governo teria atenção especial à América Latina. O candidato deseja reforçar o Mercosul, desprezado durante o governo Jair Bolsonaro, e reconstruir a Unasul, bloco formado 2008 por 12 países latino-americanos com orientação de esquerda, e que se desintegrou em meio à ascensão de governos de direita na região nos últimos anos.

"Juntos nós somos mais fortes, somos um bloco que pode ter interferência nas negociações com a União Europeia, com os Estados Unidos e a China”, destacou o petista. "Nós estamos cansados de ser uma região pobre, em eterno desenvolvimento. Nós precisamos subir um degrau na escala de ascensão na economia mundial.”

Atitude “degradante" de Carla Zambelli

Na política interna, o ex-presidente ressaltou o seu compromisso com o combate à pobreza, o aumento dos salários e o fortalecimento do SUS (Sistema Único de Saúde).  O petista ainda comentou a polêmica envolvendo a deputada Federal Carla Zambelli (PL-SP), que na tarde de sábado (29), em plena rua no bairro Jardins, em São Paulo, sacou uma arma e perseguiu um homem com quem teve uma discussão política. O seu segurança chegou a realizar um disparo para o alto, num evento que provoca grande repercussão nacional e pode ter impacto negativo para a campanha de Jair Bolsonaro, poucos dias depois de outro aliado do presidente, Roberto Jefferson, atirar contra policiais em frente à sua casa.

"É o Brasil que nós não queremos. Nós estamos lutando para termos um país civilizado, onde as pessoas se respeitem, onde uma deputada não precise andar armada, puxar uma arma e sair correndo atrás de um cidadão”, salientou Lula. "Não é civilizado isso. É uma demonstração de uma força de ignorância, de falta de respeito à civilidade, à democracia. Foi uma cena grotesca. Sinceramente, foi degradante aquele comportamento dela.”

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