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Entre esperança e apreensão, Brasil aguarda resultados do 2° turno

As urnas fecham em todo o país às 17h, pelo horário de Brasília, e se inicia imediatamente depois a contagem dos votos para a escolha do próximo presidente da República, além de 12 governadores nos Estados que tiveram segundo turno. Até a revelação dos resultados finais, brasileiros se reúnem para acompanhar a apuração.

Avenida Paulista será o ponto da festa da vitória em São Paulo. Apenas militância do vencedor da eleição poderá ocupar o local.
Avenida Paulista será o ponto da festa da vitória em São Paulo. Apenas militância do vencedor da eleição poderá ocupar o local. © Lúcia Müzell/ RFI
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Lúcia Müzell, enviada especial da RFI a São Paulo

Em São Paulo, a avenida Paulista ficava cada vez mais cheia na medida em que o horário para o encerramento da votação se aproximava. Para evitar tumultos, a Justiça estadual determinou que apenas os apoiadores do vencedor do pleito poderão ocupar o local para festejar o resultado, a partir das 20h30 locais (0h30 em Paris).

“É uma eleição diferente, com candidatos muito diferentes e opiniões muito contrárias. A rivalidade é muito grande no Brasil, nunca vista antes. Nunca ninguém viu”, atesta o Helder, bancário de 49 anos. “Estou curtindo agora na Paulista, mas vou acompanhar e festejar em casa. Acredito que Bolsonaro tem a maioria do Senado e dos deputados federais, e o Brasil tem um caminho muito bom pela frente com ele. O Lula não vai conseguir governar com esse Congresso”, opinou o apoiador do atual presidente.

Helder, bancário de 49 anos, percebe uma rivalidade política jamais vista no Brasil e vai acompanhar a apuração em casa.
Helder, bancário de 49 anos, percebe uma rivalidade política jamais vista no Brasil e vai acompanhar a apuração em casa. © Lúcia Müzell/ RFI

"Eu fico assombrado. Eu tenho medo porque na folia tem mais bandido do que outra coisa. Vem muita gente que, ao invés de se divertir, vai fazer vandalismo, vai furtar e fazer coisas que não são convenientes para o dia de hoje”, afirmou o vendedor ambulante Gilvan Ribeiro, 55 anos, eleitor de Lula, que prefere acompanhar a apuração em casa. “As pessoas, em vez de se divertir, ficam brigando. Assim que o resultado começar a sair eu já vou embora”, avisa.

Precaução

Essa também será a escolha da estudante Manuela, 16 anos, que votou pela primeira vez nesta eleição e passeava com a mãe usando uma camiseta do Brasil adornada com adesivos de Lula. As duas voltariam logo para casa, para seguir a apuração. "Na verdade, a gente tem medo de ficar na rua num momento desses. As pessoas são muito violentas e às vezes a gente está aqui só para acompanhar a apuração, exercer a sua cidadania, mas acaba acontecendo alguma situação desconfortável”, afirmou.

Logo ao lado, o casal de contadores Rafael Fernandes, 28 anos, e Giovana Soares, 25, ocupava uma mesa na calçada em um barzinho. “A gente já está comemorando antecipadamente. Estamos respirando um clima de paz aqui, está predominando pessoas que compartilham das mesmas opiniões e valores que a gente”, disse Rafael. "Vamos dar uma volta por aqui porque achamos que tem zero probabilidade desse verme [Bolsonaro] vir comemorar aqui e o resultado ser diferente do que estamos esperando. O povo brasileiro clama por paz”, complementou ele, vestido de branco.

"Estamos mais contidos, tentando nos controlar um pouco e não ficar olhando toda a hora, na comparação com o primeiro turno, quando a gente ficou muito ansioso, muito nervoso. Mas mesmo assim eu tenho certeza de que o Lula vai voltar e a gente comemorar”, sinalizou Giovana.

Os contadores Rafael Fernandes, 28 anos, e Giovana Soares, 25, tentarão não olhar a apuração minuto a minuto, como no primeiro turno.
Os contadores Rafael Fernandes, 28 anos, e Giovana Soares, 25, tentarão não olhar a apuração minuto a minuto, como no primeiro turno. © Lúcia Müzell/ RFI

"Somos da paz"

Caminhando pela calçada, outro casal, Tiago Cruz, 39 anos, e Paula, 43, planejava ficar pela rua nas próximas horas, aproveitando o tempo quente que faz na cidade neste domingo. “Enquanto estiver calor, vamos ficar na rua, em qualquer lugar que tiver telão. Se o Bolsonaro vencer, vamos comemorar mas tranquilos, entre a gente. Se der Lula, vamos rezar por todos”, antecipou a médica Paula.

“Apesar de tantas coisas, eu acredito que o Bolsonaro ganha hoje. Eu acho que tem muita desinformação circulando e a gente tem que acreditar em alguma coisa que a gente sente lá dentro. E eu estou sentindo que ele deve ganhar. Mas se ele não vencer e o Lula sim, a vida segue”, comentou o advogado Tiago. “Não temos medo. A gente é da paz. Tem muita gente aquecida, mas a gente é do público morno da eleição."

Em outro barzinho animado, com lulistas e bolsonaristas espalhados pelas mesas, uma família de mineiros de férias em São Paulo aproveitava o clima agradável nas últimas horas da votação, mas pretendia se recolher tão logo a apuração começar. “Vamos acompanhar em casa. Vai ser muito apertado e se o nosso candidato for vitorioso, a gente volta para cá. O clima está muito tenso”, afirmou o funcionário público Adilson Pereira.

“Vai demorar para sair o resultado e vai ter muita briga. Acaba de ter uma discussão aqui no bar mesmo. Mas vamos voltar aqui depois com toda a certeza”, completou a filha dele, a estudante de Direito Lívia.

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