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Neonazistas estão mais “visíveis e descomplexados" no país de Bolsonaro, diz Le Monde

O site do jornal Le Monde desta segunda-feira (11) traz uma coluna do correspondente do diário no Rio de Janeiro, Bruno Meyerfeld, sobre a emergência de um movimento neonazista no Brasil, "cada vez mais visível e descomplexado", afirma o jornalista.

Destaque no jornal Le Monde para a emergência de um movimento neonazista no Brasil, "cada vez mais visível e descomplexado".
Destaque no jornal Le Monde para a emergência de um movimento neonazista no Brasil, "cada vez mais visível e descomplexado". © Fotomontagem RFI/Adriana de Freitas
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Bruno Meyerfeld descreve cenas de vídeos que viralizaram nas redes sociais recentemente do aniversário de uma jovem, em Pelotas, no Rio Grande do Sul, que comemorou a chegada aos 24 anos com um bolo estampado com a foto do ditador alemão Adolf Hitler.

"O incidente está longe de ser isolado", afirma o correspondente do Le Monde, lembrando que nesses últimos anos, o número de escândalos envolvendo neonazistas se multiplicou no Brasil.

A lista de casos é longa e o diário cita outros exemplos como o de um homem fotografado exibindo uma suástica no braço em Minas Gerais, em 2019. Um outro homem foi flagrado agitando uma bandeira nazista na janela de seu prédio, em Florianópolis (SC), em maio deste ano. Dois meses mais tarde, em julho, um homossexual foi espancado por um grupo de agressores em Belo Horizonte, que desenharam uma suástica na sua testa.

Polêmicas com políticos 

Vários destes casos dizem respeito até mesmo a políticos de Santa Catarina, "berço histórico dos nazistas brasileiros", afirma o texto. O correspondente do Le Monde lembra que, em 2020, o Partido Liberal (PL, de direita), protagonizou um escândalo ao aceitar como candidato para as eleições municipais, na cidade de Pomerode, um professor de História célebre na região por ter pintado uma suástica no fundo de sua piscina.

No mesmo período, a governadora interina de Santa Catarina, Daniela Reinehr, foi questionada sobre as controversas atividades de seu pai, Altair, um dos negacionistas mais célebres do Brasil, defensor do Holocausto. Pressionada, ela evitou criticar o pai, em nome da harmonia em sua família e da liberdade de pensamento.

Bruno Meyerfeld salienta que esses casos são "somente a ponta do iceberg". O jornalista do Le Monde entrevistou a pesquisadora e antropóloga Adriana Dias, especialista em movimentos neonazistas no Brasil, que explicou que a quantidade de "células neonazistas" passou de 75 a 530 entre 2015 e 2021.

Segundo ela, "500 mil brasileiros seriam consumidores de produtos relacionados ao 3° Reich". Mas é sobretudo online que esses extremistas são mais ativos. A ONG Safernet registrou, no mesmo período, um aumento de 600% das denúncias por apologia ao nazismo na internet no Brasil.

O correspondente também conversou com outros especialistas para tentar explicar o fenômeno. Segundo o professor de História contemporânea, Odilon Caldeira Neto, da Universidade Federal de Juiz de Fora, atualmente os neonazistas brasileiros se sentem mais livres para se expressarem, sobretudo com a normalização da classificação do presidente Jair Bolsonaro como um “nazista”, “negacionista”, “genocida”, por seus opositores.

Para Caldeira Neto, os neonazistas brasileiros se sentem legitimados por uma presidente qualificado de "homofóbico, racista e que faz o culto da ditadura e da violência". Segundo, ele, "de certa forma, ele é compatível com os ideais" desses extremistas, conclui, em entrevista ao jornal.

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